O dinheiro novo que chega a pequenos municípios espalha a riqueza gerada pela alta de cerca de 60% dos preços em dólar das commodities no último ano. E essa receita foi turbinada pela safra recorde de grãos.
O bom momento do agronegócio já apareceu no resultado do PIB do primeiro trimestre, que avançou 1,2%. Boa parte dele foi sustentado pelo crescimento da agropecuária (5,7%). Mesmo com a pandemia, o setor continuou acelerado nas exportações e nos investimentos.
Não há dados consolidados sobre os investimentos privados no setor, mas existem indicações de um forte movimento de expansão. De acordo com a assessoria econômica do Bradesco, em 12 meses até abril, 27 novos empreendimentos foram anunciados. Eles estão voltados basicamente para a cadeia de processamento de carnes e grãos e somam mais de R$ 7 bilhões. Por dois meses seguidos, o total de aportes cresceu a uma taxa superior a 20%. Priscila Trigo, economista responsável pelo estudo, pondera que os dados são parciais, pois o produtor não divulga investimento.
Mas o Rabobank, que atua no agronegócio, capta a parte oculta desse movimento. Neste ano, o banco teve crescimento de 20% em relação a 2020 no número de propostas dos clientes em busca de recursos para investimentos. “Percebemos um apetite maior para investimento por parte de cooperativas, grandes produtores rurais e cadeias de processamento”, conta a diretora, Fabiana Alves. É o maior avanço em três anos.
Enquanto em 2015 houve seca, câmbio e preços das commodities desfavoráveis e redução do crédito, hoje o momento é exatamente o oposto. O setor vem de duas safras com clima favorável, preços das commodities em alta, câmbio desvalorizado e crédito com juros baixos. Em alguns momentos, o crédito privado está até mais barato do que o oficial, observa o economista André Pessoa, presidente da Agroconsult. Ele frisa que esse é um fator importante que, somado a outros, turbina o investimento. “Os produtores estão com o pé embaixo no investimento. É um boom.”
Só no campo, a estimativa de Pessoa é que a área plantada com grãos na safra 2021/2022 seja ampliada em 3 milhões de hectares. Isso sinaliza que a indústria terá que atender a uma demanda maior por máquinas, fertilizantes, silos, defensivos, implementos, caminhões, fábricas para processamento a fim de suportar esse crescimento, exemplifica o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da MB Associados e ex-secretário de Política Econômica. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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