A taxa no fechamento do IPC-S em abril veio próxima à expectativa de Picchetti, que girava em torno de 0,20%, e dentro do intervalo da pesquisa do Projeções Broadcast, que ia de 0,20% a 0,28%. O resultado, porém, esteve um pouco abaixo da mediana do mercado, de 0,25%. A principal influência partiu do grupo Transportes, puxado por combustíveis. O grupo teve deflação de 0,13%, ante 0,77% na terceira quadrissemana e 3,89% em março.
Além da estimativa de aceleração em maio, o coordenador do IPC-S prevê que o acumulado em 12 meses atinja o pico de 2021, a 7,44%, depois de registrar 6,54% até abril. Picchetti, porém, atribui o possível resultado à base de comparação, já que, em 2020, abril (-0,18%) e maio (-0,54%) apresentaram deflação. “Qualquer número positivo faz esse acumulado de 12 meses subir. Depois de maio, já tem uma tendência declinante, com previsão de fechar o ano em 4,60%”, afirma.
Antes em 4,20%, a projeção para o IPC-S de 2021 sofreu reajuste para cima devido ao avanço observado no núcleo do índice, que fechou abril em 0,37%, após 0,31% em março. Também houve aceleração no acumulado em 12 meses, que passou de 2,82% para 2,95%.
“É uma elevação significativa, e já se configura uma tendência de aceleração. É um número bastante importante porque olha para o índice como um todo, e filtra o efeito de impactos pontuais, como combustíveis e energia. É um aumento da preocupação com inflação que vem dos preços ao atacado, da desvalorização cambial e de alguma retomada esperada, e o núcleo traduz numericamente melhor que qualquer outra abertura”, explica Picchetti.
Depois de ser o grande protagonista das últimas leituras, o preço dos combustíveis deve continuar ajudando a aliviar o índice, com reajuste para baixo da Petrobras na gasolina e no diesel. “Apesar de não na mesma intensidade, devem continuar a segurar o índice cheio, ao menos nas próximas semanas”, diz.
Para o coordenador do IPC-S, Alimentação não preocupa, pois muitos itens estão em deflação, como maçã (de -10,73% para -9,87% no fechamento de abril), e compensam a elevação dos produtos in natura.
Piccheti acrescenta que os alimentos apresentam tendência de desaceleração no acumulado em 12 meses, em queda desde o início do ano. Após 13,5% no fechamento de janeiro, o grupo vem arrefecendo e fechou abril em 10,90%. “É um patamar ainda elevado, mas se explica pelos preços de commodities e pelas elevações no atacado”.
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