Quase 80% da população adulta do país já foi totalmente vacinada, uma das maiores taxas do mundo, porém mais de 6 mil pessoas foram testaram positivo para a covid-19 na segunda-feira, dia 9, segundo o Ministério da Saúde. Quase 650 pessoas estão hospitalizadas, sendo 400 em condições críticas, informou o ministério, o maior número desde março.
Cerca de 150 desses pacientes não estão totalmente vacinados. Israel atingiu o maior número de casos graves em janeiro, com 1.200 pacientes – cerca de metade do número previsto para o mês que vem. Devido a esta projeção, o primeiro-ministro Naftali Bennett e o ministro da Saúde Nitzan Horowitz decidiram na terça-feira, 10, adicionar novos leitos hospitalares cada vez que o número de pacientes dobrar.
Pelo acordo, que será levado ao gabinete responsável melo manejo da pandemia para aprovação nesta quarta-feira, quando dobrar o número de pacientes internados por covid-19, serão acrescentados 100 novos médicos, 500 enfermeiros e 200 paramédicos, pessoal de limpeza e pessoal administrativo.
Segundo os dados do governo de Israel, idosos não vacinados têm cinco vezes mais probabilidade de apresentar quadros graves de covid do que os idosos imunizados. Pessoas vacinadas têm cinco a 10 vezes mais resistência contra a covid do que não vacinadas.
Pouco menos de 5% dos testes de covid-19 estão dando positivo, num sinal de que o país está em meio a um grande aumento dos casos, alertou Salman Zarka, autoridade máxima do governo no combate à pandemia. Israel encontra-se em um “ponto crítico para a nossa saúde, para as nossas vidas e para a nossa economia”, disse ele.
Por ser o primeiro país a iniciar um esforço em massa de vacinação e o primeiro a reabrir toda a economia, depois de vacinar totalmente quase 70% de sua população adulta com a vacina da BioNTech/Pfizer até o começo de abril, os israelenses tiveram um período de liberdade pós-pandemia.
Mas agora, com estudos mostrando que a eficácia da vacina está caindo entre as pessoas com mais de 60 anos, algumas das quais receberam suas primeiras doses em dezembro, Israel também foi o primeiro país a iniciar a aplicação das doses de reforço.
O país não esperou a aprovação das doses de reforço da Pfizer pela Agência de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) e já aplicou a terceira dose para cerca de 2 mil pessoas imunodeficientes semanas atrás, antes de estendê-la a todas as pessoas com mais de 60 anos em 1º de agosto. Cerca de 600 mil israelenses idosos receberam a terceira dose, que em breve poderá ser oferecida também às pessoas com mais de 50 anos.
A experiência de Israel com a variante Delta do coronavírus e a vacina da Pfizer estão sendo observadas atentamente pelos EUA e a Europa,enquanto eles consideram a autorização das terceiras doses em suas populações mais velhas.
Bennett disse na quarta-feira que 90% das novas infecções ocorreram em pessoas com 50 anos ou mais. “Peço a todos os cidadãos com mais de 50 anos que sejam muito cuidadosos nas próximas semanas.”
O rápido aumento do número de casos ameaça frustrar os planos do governo de manter a economia aberta. As autoridades israelenses já consideram impor um “lockdown” nos feriados judaicos de setembro, quando as famílias tendem a visitar os avós, para assim romper a cadeia de contágio.
Um “lockdown” é visto como último recurso e sua restrição aos feriados teria um impacto menor sobre a economia, disse uma autoridade do Ministério das Finanças.
“Se as pessoas forem vacinadas o mais rapidamente possível, então não haverá necessidade de um lockdown”, disse a autoridade, que pediu para não ser identificada. “Analisamos os gráficos diariamente e no momento há vacinas suficientes, mais do que suficientes, para todos aqueles que quiserem uma dose, duas ou três”.
Medidas restritivas
O comitê ministerial também deve aprovar um esquema de passaporte da vacina expandido, abrindo alguns serviços e locais apenas para pessoas que estão vacinadas ou se recuperando, bem como limitando as reuniões a 50 pessoas dentro de casa e 100 pessoas ao ar livre, juntamente com a introdução de testes rápidos de covid.
Zeev Feldman, médico chefe da unidade pediátrica do Sheba Medical Center, disse ao Haaretz que adicionar pessoal extra é necessário, mas insuficiente. “Não é possível recrutar 100 médicos em agosto para resolver o problema”, disse ele. “Precisamos de especialistas em terapia intensiva e leva anos para treiná-los”.
Feldman acrescentou: “você não pode montar um sistema de saúde em um piscar de olhos durante uma crise – você precisa construí-lo para o longo prazo. Isso não tem acontecido nos últimos anos, então agora somos forçados a cenários de emergência.”
O sistema precisa de reforço em todos os níveis, disse Feldman, “médicos, profissionais de enfermagem e paramédicos e qualquer pessoa que possa ajudar a arcar com o fardo”. Ele acrescentou que espera que os aumentos de pessoal não sejam revertidos depois que a crise passar, como o Ministério das Finanças recentemente tentou fazer ao eliminar 600 empregos na área de saúde que foram criados durante a pandemia.
O professor Nadav Davidovitch, presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, também criticou a decisão. “Estamos sempre tentando tomar medidas preventivas, mas estamos sempre respondendo tarde demais. Já existe aglomeração nos hospitais e na comunidade – não apenas por causa do coronavírus – e isso está dificultando o tratamento. Portanto, precisamos [do aumento de pessoal] agora, e não sob a condição de aumento de casos de infecção”, disse ele. (Com agências internacionais).
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