A isenção em serviços do gênero, para parte ou a totalidade dos clientes, já vinha sendo uma estratégia usada pelo Itaú, assim como por alguns de seus concorrentes, como o Bradesco, o C6 Bank e o Inter, que trabalham ao lado de outros parceiros de tecnologia, como a Veloe e a Greenpass.
Para o sócio-diretor da área industrial da consultoria Roland Berger Brasil, Marcus Ayres, trata-se de uma área que o setor financeiro deverá disputar com cada vez mais afinco, uma vez que pedágios e estacionamentos são apenas a “ponta do iceberg” em relação ao que é possível cobrar por meio de uma tag. Ayres lembra que a Sem Parar, líder do segmento, já firmou até parcerias com o McDonald’s para uso de seu serviço em drive-thru.
Modelo de negócio
Para o Itaú, é uma mudança na forma de encarar o próprio serviço ConectCar, que passa a ser menos independente e mais uma ferramenta para agradar ao cliente do banco. “É uma forma diferente de encarar esse investimento que fizemos há anos na ConectCar”, admitiu ontem o diretor e membro do comitê executivo do Itaú Unibanco Alexandre Zancani.
Agora, em vez de trazer faturamento com a venda dos adesivos magnéticos que permitem o pagamento automático de pedágios e de estacionamentos, o Tag Itaú vai contribuir com a retenção de clientes e com a geração de mais engajamento. “É uma mudança no modelo de negócios para o Itaú”, afirmou Zancani, que espera ver o banco passar a ganhar “com a maior vinculação e venda de outros produtos”.
Com isso, a maior parte da remuneração do serviço de “tag” passará a vir do banco, e não mais dos clientes finais. “A ConectCar passa a ter custo de aquisição de clientes praticamente zerado, e é remunerado pelo Itaú”, disse o presidente da empresa, Felix Cardamone.
Segundo ele, os investimentos que capacitavam a companhia a ganhar escala já foram feitos, e o novo modelo, que vai expandir sua base exponencialmente, só acelerará o retorno. Segundo Ayres, da Roland Berger, à medida que o serviço de tags de pagamento se popularizou, a “barreira de entrada” de novos concorrentes no setor diminuiu.
Desta forma, hoje há desde serviços que têm os pedágios e estacionamentos como negócio central (como a Sem Parar), empresas que têm bancos como sócios (caso da Veloe e da ConectCar) e também startups prontas para oferecer toda a operação tecnológica da oferta para terceiros (Greenpass).
Mudança societária
A Conect Car seguirá oferecendo seus pacotes de serviços àqueles que não têm relacionamento com o Itaú Unibanco, mas, antes de rever seu modelo de negócios com o sócio e lançar a Tag Itaú, fez um rearranjo societário. No lugar do grupo Ultra, que detinha a outra metade do capital, entrou a Porto Seguro.
A operação ainda aguarda a aprovação de autoridades e, segundo Cardamone, uma vez aprovada a substituição no capital, espera-se que a Porto, que é líder no segmento de seguro auto, lance também facilidades para seus clientes com a tag.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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