Doença muito frequente, a hanseníase registra mais de trinta mil novos casos por ano no Brasil e o número pode ser maior, considerando que muitas pessoas não sabem que possuem a doença.
Considerando os dados relacionados à doença e com o objetivo de fornecer mais informações para conscientização, identificação e tratamento precoce, é que durante todo o mês é desenvolvido o Janeiro Roxo, onde uma série de ações são desenvolvidas por todo o país.
Conforme descrito no Boletim Epidemiológico de Hanseníase do último ano, em 2020, foram reportados à Organização Mundial da Saúde (OMS) 127.396 novos casos no mundo. Desses, 15,1% ocorreram nas Américas, sendo cerca de 18 mil notificados no Brasil, o que leva o país ao segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas da Índia.
A hanseníase é uma doença infecto contagiosa, transmitida por meio das vias respiratórias e causada por uma bactéria Mycobacterium Leprae que atinge os nervos e se manifesta na pele.
De acordo com a dermatologista, Giovana Bombonatto, as pessoas precisam ficar atentas aos sintomas e ao menor sinal da doença, devem procurar ajuda médica. “A pessoa pode apresentar manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo, com perda ou alteração da sensibilidade ao calor e o frio tato e a dor. Pode apresentar também diminuição da sensibilidade ou da força muscular da face, mãos e pés, dor, sensação de choque, formigamento ao longo dos nervos dos braços e das pernas”, explicou.
CONTAMINAÇÃO
A médica conta que a hanseníase é uma doença que pode atingir quase todos os órgãos dos sentidos do ser humano, provocando incapacidades físicas, visuais e olfativas. “Os casos mais graves podem deixar sequelas como mãos em garras, pés caídos, paralisia facial, úlceras em pernas e pés, podendo atingir também os órgãos internos”, disse.
Sobre o contágio e evolução da doença a Sociedade Brasileira de Patologia “provavelmente a bactéria penetra no corpo através das vias de respiração. Após isso, ela se dirige aos nervos, principalmente aqueles localizados na pele, onde começa a desenvolver a doença. As células de defesa identificam a bactéria, que se encontra dentro dos nervos e de outras células, e inicia uma reação para destruí-la. Porém, a reação contra a bactéria também atinge o nervo e isto pode comprometer o funcionamento dos nervos e de outras partes do corpo, causando principalmente perda de sensibilidade. Por isso, os pacientes com hanseníase geralmente apresentam manchas na pele, com diminuição local da sensibilidade à dor, ao toque, ao calor e ao frio, além de diminuição da força. Alguns pacientes chegam a perder completamente a sensibilidade, ou seja, as áreas da pele ou nervo com a doença podem ficar anestésicas”.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico precoce também é importante devido a questão da contaminação. “A transmissão ocorre através das vias aéreas pelo contato com secreções nasais, gotículas de fala, tosse, e espirro e, infelizmente, as pessoas doentes que não iniciaram tratamento ou estão em fases adiantadas da doença podem acabar contaminando as pessoas que convivem ou conviveram com elas e, neste caso, por precaução, todos devem ser examinadas”, disse.
Sobre a maneira em que o diagnóstico é estabelecido, a médica explica que “no caso da hanseníase o exame clínico é fundamental, principalmente, em relação à perda da sensibilidade na pele. O exame mais utilizado para esta finalidade é a baciloscopia, que na fase inicial da doença pode ser negativa e em alguns casos, a biópsia pode ser utilizada para a confirmação do diagnóstico”.
Giovana observou ainda que a definição de caso, vai ocorrer no paciente que apresentar lesão de pele com alteração de sensibilidade térmica tátil ou dolorosa, espessamento de nervo periférico ou alteração sensitiva, e com a presença do bacilo na biópsia ou na baciloscopia.
DESCONHECIMENTO
Sobre a disseminação da doença, Sociedade Brasileira de Patologia alerta que devido ao desconhecimento, algumas pessoas com sintomas leves, não sabem que a possuem.
Giovana Bombonatto explica que como “os nervos dos membros inferiores e superiores vão sendo comprometidos lentamente, as alterações podem passar despercebidas e, muitas vezes, só serão detectadas quando a hanseníase já estiver em estágio avançado”.
A dermatologista destaca que “o desconhecimento sobre a natureza da doença, sua transmissão e formas de tratamento e, principalmente, sobre o fato de que a hanseníase tem cura, transmite uma ideia errada sobre o contágio. É comum as pessoas pensarem que se pega pelo toque, o que contribui para o aumento do preconceito relacionado à questão”.
A hanseníase tem cura e o tratamento é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente.
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