Mesmo sem exame laboratorial confirmando a presença da variante Ômicron, de maior propagação, setor de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Pato Branco, afirma que mutação está circulante no município
O primeiro mês de 2022 terminou com recorde de novos casos confirmados de covid-19 em Pato Branco. Somente em janeiro deste ano, foram 5.457 pacientes positivados, o que corresponde a 53,89% do total de casos registrados em 2021.
Até então, o mês com maior número de casos no município tinha sido abril de 2021, com 2.279 casos positivados.
Ainda, o número de casos registrados no mês passado, também supera os índices obtidos de março a dezembro de 2020. Naquele ano, Pato Branco teve 3.236 pacientes em tratamento para a doença.
Mesmo com a alta no registro de novos casos, as mortes não seguem a mesma proporção. Desde que o primeiro óbito por complicações da covid-19 foi registrado em Pato Branco, em julho de 2020, o número de mortes de janeiro de 2022 é o terceiro menor, uma vez que de 1º a 31 de janeiro, foram confirmados três óbitos por complicações da doença.
Situação preocupante
A chefe do Setor de Epidemiologia, a enfermeira Tatiany Zierhut afirma que o número de casos de janeiro é bastante preocupante. Uma vez que janeiro encerrou com uma média de transmissão de 1,52, o que quer dizer que, cada 100 pessoas transmitem para outras 152.
Outro número bastante alarmante é o fato de que a taxa de positividade do primeiro de mês de 2022 foi em média de 44,9%, ou seja, a cada 100 testes coletados, quase 45 positivaram. Vale lembrar que em dezembro de 2021, a taxa de positividade atingiu a média de 2,9%.
“Isso tudo nos permite afirmar que temos a variante Ômicron é circulante aqui no município, mesmo sem ter exames comprovatórios”, afirma a chefe da Epidemiologia avaliando as características dos sintomas e a rápida transmissão.
Ao mesmo tempo que há uma variante muito mais infeciosa, outro comportamento que contribuiu para o aumento de notificações, tem ligação a adoção do sistema de centro de testagem, onde o Município passou a ofertar em dois locais (Unidade de Pronto Atendimento – UPA e no ginásio Dolivar Lavarda), a testagem rápida de forma gratuita.
Tatiany diz também que as viagens, festas familiares, eventos com grande participação como formaturas contribuíram para a elevação dos casos.
Colapso
Diferentemente do colapso do sistema de saúde vivenciado em 2021, o aumento de casos de janeiro apresentou uma nova face da pandemia, o colapso na porta de entrada do atendimento.
Se no ano passado a procura era por leitos de enfermaria a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e até mesmo de insumos, o que se vi agora, com uma maior contaminação e quadro clínico menos agravado é a sobrecarga nas unidades de atendimento primário, somado ao fato ainda de que muitos profissionais de saúde estão também contraindo a doença.
“São muitas pessoas positivadas, e as equipes [de saúde] também estão adoecendo”, pontua Tatiany completando que “por mais que seja um vírus que não precisa de um atendimento mais rigoroso, detalhado, ele também está trazendo muitos prejuízos, não só na questão de saúde, mas também no afastamento das pessoas de seus postos de trabalho.”
Ao comentar o impacto socioeconômico provocado pela pandemia, Tatiany lamenta que, “temos que implorar ainda para as pessoas usarem máscara. A situação é séria.”