“Os documentários que eu vinha fazendo até então tratavam de desordem, de violência e de desagregação. Tive vontade de filmar o contrário daquilo e Nelson foi o caminho”, conta João Moreira Salles em depoimento enviado ao Estadão.
No filme, há momentos com Nelson Freire filmados em São Paulo, no Rio de Janeiro, na França, na Bélgica e até mesmo na Rússia – são mais de 70 horas de material gravado depois de João acompanhar o pianista por dois anos.
A seguir, confira o depoimento completo de João Moreira Salles enviado ao Estadão.
“Os documentários que eu vinha fazendo até então tratavam de desordem, de violência e de desagregação. Tive vontade de filmar o contrário daquilo e Nelson foi o caminho. Ele encarnava valores de um humanismo essencial a todo projeto de civilização decente – a transmissão da beleza, o imperativo moral do trabalho bem feito, a recusa a toda vulgaridade e espalhafato. Um presidente que tira a máscara de um bebê e força uma criança a fazer uma arma com as mãos é uma imagem verdadeira e poderosa do País. Mas não é a única. Nelson Freire (o pianista, não o filme) representava e representa – nos discos, nos registros dos concertos, na vida discreta que levou – uma outra face do Brasil, o lado capaz de nos salvar. Seu talento não está ao alcance de maioria de nós, mas a honradez, sim”.
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