Zahra Fayazi, técnica e ex-jogadora da equipe, conseguiu fugir e chegou ao Reino Unido a cerca de um mês. Ela atuou por sete anos em quadra antes de se tornar treinadora. Os detalhes sobre a morte de uma das atletas permanecem incertos, contou Zahra à BBC. “Nós não queremos que isso se repita para nossas outras jogadoras”, disse. As jogadoras chegaram a queimar seus equipamentos esportivos para salvarem suas famílias e a si mesmas. O medo fez com que elas não guardassem nada relacionado ao esporte.
“Muitas de nossas jogadoras que são de províncias foram ameaçadas várias vezes por seus familiares que são do Taleban ou apoiam o Taleban”, afirmou Zahra. A treinadora revelou ainda que, se as famílias permitissem que as meninas praticassem esportes, enfrentariam “violência inesperada”.
Outra ex-integrante da equipe de vôlei foi entrevistada, sob o pseudônimo “Sophia”. Ela fugiu para um país vizinho há dois anos depois de ser esfaqueada por dois homens na capital Cabul. Ameaças dos extremistas eram constantes. Por isso, sua família destruiu qualquer vestígios da relação de Sophia com o vôlei para evitar que ela se tornasse um alvo.
Em contato com antigas companheiras, ela disse que tem certeza que o Taleban matou uma das jogadoras, apesar da falta de detalhes. “Naquela época, o Taleban estava tomando todas as cidades e não havia outros grupos que fariam isso. Ela era apenas uma jogadora e ela não fez nada para que as pessoas quisessem atacá-la. Talvez nós perderemos mais amigas”, disse Sophia.
Zahra e Sophia entraram em contato com o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para ajudar a equipe de vôlei na missão de fuga do Afeganistão. Porta-vozes de ambas as organizações disseram que não podem revelar detalhes do caso, mas o COI confirmou que está “ajudando muitos esportistas e administradores do esporte no Afeganistão”.
As duas ex-jogadoras esperam que o time possa se reunir em quadra no futuro, mas acreditam que a chance disso acontecer em seu país natal é muito pequena. “Eu não consigo ver um futuro para o vôlei no Afeganistão. Se nós conseguimos ajudá-las a fugir, talvez haja uma possibilidade de ter o mesmo time fora do Afeganistão”, disse Zahra. “Quero que o mundo nos ajude a alcançar as metas e esperanças que nós trabalhamos. É nosso sonho, não vamos desistir”, concluiu Sophia.
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