Jornalista diagnosticada com Parkinson aos 45 anos acende alerta sobre a doença

Esta semana, a jornalista Renata Capucci, repórter do Fantástico (TV Globo), contou que foi diagnosticada com a doença de Parkinson em 2018, quando tinha apenas 45 anos de idade.
A jornalista contou em um podcast que começou a mancar enquanto participava do reality “Popstar” e que mesmo com fisioterapia e osteopatia o sintoma não melhorou. O alerta ligou no dia em que o seu braço subiu sozinho e após ir a uma emergência neurológica, com seu marido, que é médico, a jornalista recebeu o diagnóstico de Parkinson.
A Doença de Parkinson é uma doença neurológica que afeta os movimentos do paciente, além de causar tremores, lentidão, rigidez muscular, desequilíbrio e alterações na fala e na escrita.

Esses sintomas são causados em virtude da degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem a substância dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos, provocando os sintomas acima descritos.
Apesar de não existir cura para a doença, o paciente pode ter uma vida normal, à base de medicamentos que combatem os sintomas e seu progresso, além da prática da fisioterapia, terapia ocupacional e, se necessário, a fonoaudiologia, para aqueles que têm problemas com a fala e com a voz.

Diagnóstico

A Doença de Parkinson é segunda condição neurodegenerativa mais incidente em pessoas acima dos 60 anos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos têm a doença e que, no Brasil, estima-se que 200 mil pessoas convivam com esse diagnóstico.

Mesmo que muito conhecida, ainda traz muitas dúvidas, principalmente na hora do diagnóstico. Ao contrário do que se imagina, a maioria dos pacientes não tem o tremor como principal sintoma. Algumas pessoas têm tão pouco que ele quase não é perceptível. Então, como saber se, de fato, é Parkinson?

“Até o momento, o diagnóstico é essencialmente clínico, ou seja, baseado no histórico desde o início dos sintomas e no exame físico do paciente”, diz Marcelo Valadares, neurocirurgião, médico do Hospital Israelita Albert Einstein (SP) e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

O especialista conta que também há, à disposição, diversos exames que podem auxiliar no diagnóstico, excluindo outras causas ou fornecendo informações que podem fazer a diferença em casos mais raros, nos quais as manifestações não são tão típicas do Parkinson.

“Todo cuidado é tomado para que se confirme a condição. Boa parte dos pacientes, especialmente no primeiro e no segundo ano do início dos indícios, acaba se enquadrando como uma ‘provável’ Doença de Parkinson, pois o tempo também faz parte do diagnóstico”, explica. Ele diz ainda que algumas patologias podem parecer com a doença, mas só se manifestar depois de alguns anos, como paralisia supranclear progressiva, atrofia de múltiplos sistemas, demência frontotemporal e tremor essencial.

“Até o momento, a doença evolui com o tempo, mas já se acredita que alguns tratamentos possam tornar essa progressão mais lenta. Porém, o diagnóstico incorreto pode fazer com que os pacientes se submetam a medicações desnecessárias e confundir o entendimento sobre o que está acontecendo com seu organismo”, orienta.

Tendo em vista os principais alertas, o médico ressalta que os dois principais sintomas do Parkinson são, na verdade, a rigidez e a lentificação dos movimentos. “Porém, nem todos os pacientes apresentam os mesmos indícios. Alguns podem ter apenas um tremor leve, outros um pouco de rigidez no corpo e, por fim, uma minoria pode, até mesmo, apresentar alterações de comportamento e de memória”, avalia.

Tratamento

O médico explica que, por ser uma doença que tem como base a ‘morte’ de neurônios que produzem dopamina, seu tratamento se baseia em remédios que visam repor substâncias similares a ela. É fundamental, também, a reabilitação com fisioterapia e, eventualmente, fonoterapia.

“Nas últimas décadas, inclusive, a medicina vem trabalhando em pesquisas e inovações para trazer mais qualidade de vida aos pacientes de Parkinson. Além dos bons medicamentos, destinados para controlar os principais sintomas da doença, hoje temos outras opções seguras. Uma segunda alternativa eficaz consiste na Terapia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS), cirurgia que utiliza um dispositivo médico implantado, semelhante a um marcapasso cardíaco”, indica.

Para o especialista, a cirurgia é um recurso muito importante e deve ser considerada para alguns pacientes. “Ela não é ainda a primeira linha de tratamento possível, porém, quando os medicamentos não estão funcionando mais como antes, ou os efeitos colaterais são muito significativos, ela deve ser considerada. Quando bem indicada, ela permite que pacientes tenham melhorias significativas na qualidade de vida”, acredita.

Para Valadares, estamos em um momento de grande desenvolvimento tecnológico e de importantes lançamento de novas medicações para tratamento não apenas do Parkinson, mas também de outras doenças neurológicas. “Em breve, esperamos contar no Brasil com o ultrassom focado guiado por ressonância, que é uma ferramenta útil para tratar pacientes com tremor essencial e, também, o tremor do Parkinson, de uma forma menos invasiva”, torce.

Não só nos casos de Parkinson, mas de todas as doenças neurodegenerativas, o neurocirurgião costuma lembrar, principalmente, que o fator humano da medicina é essencial. “Os pacientes precisam ter clareza da sua condição de saúde, apoio e suporte. Os profissionais devem ser assertivos na transmissão de informação, no entendimento das expectativas e das vontades do paciente e, principalmente, ter empatia para compreender a série de emoções envolvidas nesse percurso”, finaliza.

4 passos que ajudam a prevenir a doença

O Parkinson ainda não tem cura e, por não se saber a causa exata que faz com que ela apareça, também não existe nada concreto que realmente evite que ela se desenvolva em um organismo. Porém, o médico geriatra Roberto França diz que estudos comprovam há quatro passos capazes de diminuir suas chances da doença, além de evitar que outras apareçam. Eles são:

Atividades Físicas

Manter uma rotina de exercícios ajuda na oxigenação do cérebro, deixando-o mais ativo e facilitando a renovação dos neurônios.

Alimentos antioxidantes

Adicionar alimentos com essa função no seu cotidiano, ‘abastecem’ o organismo com substâncias importantes para o equilíbrio do corpo. Alguns exemplos de alimentos antioxidantes: aveia, frutas cítricas, frutas vermelhas, linhaça, mamão, abacaxi, entre outros.

Estímulos Cerebrais

A mente também precisa ser estimulada, por isso, estudar em outra língua, ler frequentemente e desafiar o cérebro com tarefas que parecem ser difíceis, como desenhar ou fazer cálculos, são formas interessantes de estímulos e podem te ajudar a não desenvolver o Parkinson.

Convivência Social

Essa também é outra ferramenta para manter o cérebro ativo, pois o contato com outras pessoas, fazem com que o corpo liberte substâncias, como dopamina, para felicidade, além de forçar, mesmo que instintivamente, a reagir a diversas circunstâncias e a pensar também.

Foto: Reprodução/Twitter

*Com informações das assessorias

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