Foto: Vilson Bonetti
As taxas de juros e a inflação estão afetando o bolso dos brasileiros. A alta de preços, por exemplo, se apresenta no cotidiano desde as compras no supermercado até as bombas de combustíveis.
E o cenário também pode estar adiando o sonho da casa própria. De acordo com a avaliação de profissionais do ramo imobiliário ouvidos pelo Diário, os juros altos têm contribuído para afastar os consumidores que buscam adquirir um imóvel por meio de empréstimos bancários.
Juros que em média chegavam a 6%, hoje vão de 8% a até 12%, conforme a instituição, linha de financiamento e perfil do comprador. “Se o juro fica muito caro, então o endividamento que a pessoa vai assumir fica caro. A hora que se faz a conta ela fica mais cautelosa de assumir esse compromisso”, comentou Fernando Moretti, diretor da imobiliária Moretti.
Segundo ele, em contextos como esse as transações imobiliárias tendem a ser por pagamentos à vista, via parcelamentos de curto prazo, ou transações envolvendo outros imóveis e bens materiais como forma de pagamento.
O contexto de baixo crescimento do emprego e renda também contribuem para a baixa procura.“Os juros altos reduzem a capacidade de pagamento dos consumidores, e isso faz com que as vendas desacelerem. A gente sabe que salários e empregos tem crescido pouco, e isso não dá um poder de compra para o comprador. E a inflação também tem afetado custos de todo o setor”, analisou Alcir Luiz Freisleben, consultor imobiliário e gerente operacional da Solar Imóveis.
Perfil
De modo geral, o perfil dos consumidores que procuram financiamento imobiliário são famílias, ou mesmo pessoas solteiras, mas geralmente mais jovens.
Conforme a análise dos profissionais, costumam ser casais recém-casados, pessoas em início da carreira profissional que buscam independência e estão procurando construir patrimônio.
Porém, o cenário atual também impacta as decisões de quem compra para investir, seja em imóveis para locação ou construção de novos empreendimentos, tendo em vista que a inflação também afeta os custos de construção.
Juros
Por conta do atual cenário, algumas instituições financeiras têm anunciado a redução de juros para algumas linhas específicas. Por exemplo, nesta semana a Caixa Econômica Federal anunciou uma redução na taxa da linha Poupança, que parte de TR + 2,80 a.a, somadas a remuneração da poupança.
Também foi anunciada uma linha de crédito para pessoas com deficiência, voltada para reforma ou adaptação de imóveis próprios. Taxa de juros a partir de TR + 4,25% ao ano está entre as condições.
Também há novas condições de financiamento às famílias com renda entre R$ 2 mil e R$2.400 por meio do programa Casa Verde Amarela. Para esse público houve aumento de subsídios para construção e aquisição de moradias, e redução de taxa de juros em 0,5 ponto percentual. As informações são da Caixa Econômica Federal, por meio de assessoria de imprensa.