Armado com um fuzil AR-15 munido com 30 balas, Rittenhouse matou dois homens e feriu um terceiro que participavam de atos contra a violência policial e o racismo nos Estados Unidos. Contra uma das vítimas, ele disparou quatro vezes. Hoje, Rittenhouse foi absolvido de todas as acusações imputadas a ele pela promotoria, que incluíam homicídio qualificado.
Em vídeos divulgados na época, o jovem aparece carregando ostensivamente o fuzil entre manifestantes que correm atrás dele. No tribunal, ele argumentou que atirou por autodefesa, porque estava sendo perseguido. “Eu fiz o que tinha que fazer para parar a pessoa que estava me atacando”, disse Rittenhouse durante seu julgamento. Promotores do caso alegaram que as vítimas tentavam impedir o jovem de disparar contra os manifestantes.
Os EUA viveram um verão de agitação social em 2020 e recorrentes manifestações antirracismo, que eclodiram após o assassinato de George Floyd em maio. Em 23 de agosto, quando Jacob Blake, um homem negro de 29 anos, foi baleado, de costas, por um policial branco com sete tiros à queima-roupa, foi a vez da cidade de Kenosha, no Wisconsin, se tornar o epicentro das manifestação que atraíram atenção nacional.
A cidade de 100 mil habitantes virou palco de confronto entre policiais e manifestantes, com cenas de tiros e correria nas ruas e prédios queimados, a exemplo do que ocorreu em Mineápolis após o assassinato de Floyd. Em 25 de agosto, Rittenhouse, que vivia em uma cidade vizinha no Estado de Illinois, saiu armado de sua casa para confrontar manifestantes antirracistas.
Na ocasião, um grupo contrário à pauta dos protestos se organizou para defender propriedades de depredações. Rittenhouse foi armado para a reação aos manifestantes antirracistas. A arma fora comprada em maio, a pedido dele, por um amigo.
Na época, ele foi descrito pela polícia como um adolescente extremamente perturbado e fanático pelo movimento Blue Lives Matter – “vidas azuis”, uma referência à cor do uniforme dos policiais.
No Telegram, grupos radicais de extrema direita,que defendem o direito a armas, e simpatizam teoria conspiratória QAnon, trataram o veredito como uma vitória. “Uma vitória do direito de todas as pessoas se defenderem. Um precedente foi estabelecido”, dizia uma das mensagens. Também circularam mensagens que pedem que “patriotas” estejam prontos para defender as cidades em caso de protestos da Antifa e do movimento Black Lives Matter.
Ao chegar à Casa Branca nesta sexta-feira, após realizar exames médicos, Biden defendeu a decisão do júri. “Eu mantenho o que o júri teve a dizer. O sistema de júri funciona”, disse o presidente.
Kenosha passou dias vigiada por homens da guarda nacional depois do episódio, com toque de recolher que esvaziava as ruas e fechava todo o comércio às 19h. Os então candidatos à presidência, Donald Trump e Joe Biden, visitaram o local em plena campanha. Antes de embarcar ao local, ainda ocupando a Casa Branca, Trump defendeu Rittenhouse e acusou os democratas de permitirem a ação de “anarquistas”. Ele teve a maioria dos votos em Kenosha, assim como em 2016, mas perdeu no Estado do Wisconsin.
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