No contexto das festas natalinas, nossa rica tradição litúrgica, contempla na Missa do Natal do Senhor, o “anúncio do Natal” também conhecido como “Kalenda”, cantado para anunciar as festas dos santos na véspera de seu dia. A Kalenda é uma recapitulação da história do povo de Israel, interpretada à luz da Encarnação de Jesus Cristo, considerada o epicentro da narrativa histórica. O nome “Kalenda” deriva da primeira frase do texto original em latim: “Octavo Kalendas Ianuarii”, significando o oitavo dia antes das kalendas de janeiro, conforme a tradição romana, onde o primeiro dia do mês era chamado de “calendas”. Dessa forma, os dias próximos a esse marco eram contados em relação a ele, justificando a denominação do dia 25 de dezembro. Com efeito, o texto da Kalenda é uma recapitulação de toda a história do povo de Israel, lida a partir da Encarnação de Jesus Cristo, vista como o centro da história. Vamos lê-lo como se já estivéssemos em nossas Igrejas, na noite do Natal, entoando-o:
“Oitavo dia antes das Calendas de janeiro. Lua décima terceira. Transcorridos muitos séculos desde a criação do mundo, quando no princípio Deus criou o céu e a terra e formou o homem à sua imagem; depois de muitos séculos desde que, após o dilúvio, o Altíssimo pusera entre as nuvens o arco, sinal de aliança e de paz; vinte e um séculos depois que Abraão, nosso pai na fé, migrou da terra de Ur dos Caldeus; treze séculos depois da saída do povo de Israel do Egito, conduzido por Moisés; cerca de mil anos depois da unção real de Davi; na sexagésima quinta semana segundo a profecia de Daniel; durante a Olimpíada centésima nonagésima quarta; no ano setecentos e cinquenta e dois da fundação de Roma; no quadragésimo segundo ano do império de César Otaviano Augusto, quando a paz reinava em toda a terra, Jesus Cristo, Deus Eterno e Filho do Eterno Pai, querendo santificar o mundo com o seu piíssimo advento, concebido pelo Espírito Santo, decorridos nove meses após a sua concepção, nasceu em Belém de Judá, da Virgem Maria, feito homem. Natividade de nosso Senhor Jesus Cristo segundo a carne”.
Hoje, nasceu para vós um Salvador!
São Lucas (cf. 2,1-14) dá-nos mais detalhe do anúncio. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores e disse-lhes: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que o será para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: Encontrareis um recém-nascido envolvido em faixas e deitado numa manjedoura – presépio”. E, de repente, juntou-se ao anjo uma multidão da coorte celeste. Cantavam louvores a Deus, dizendo: “Glória a Deus no mais alto dos céus, e paz na terra aos homens por ele amados.
Jesus, o Messias, o Enviado do Pai, como Salvador e Redentor nasceu como qualquer homem. Nasceu em Belém durante o recenseamento, numa manjedoura, além das representações tradicionais, podia tratar-se de uma casa semi-escavada na rocha ou de uma gruta adaptada como moradia, com uma habitação familiar e um recinto contíguo como estábulo. É isso que vamos recordar na noite de Natal e ao longo do dia 25 de dezembro, bem como na Oitava de Natal. E a razão culminante de tudo isso é que “nasceu-nos um menino. Cuidemo-nos de razões que se nos apresentam de modo tão superficial nestes tempos! Quantas falácias comerciais, cores e brilhos sem a presença deste “Menino”. O Natal sem o Menino é sem graça e deve ser uma chatice celebrar uma festa sem conhecer ou seguir os projetos deste Menino. Natal não é festa social e tampouco cultural, como magia.
Glória a Deus pelo nascimento do Menino!
Então, vamos celebrar a Glória luminosa, alegria e paz pelo nascimento do Salvador. É isso que domina a noite da luz e do anúncio do nascimento. É a festa da família e das comunidades de fé. Famílias e comunidades celebram o nascimento e, depois, de uma belíssima liturgia, o Natal prossegue em nossas casas, e nossas casas são as casas de Belém!
Desejo a todos os leitores Feliz e Santo Natal na presença do Menino Jesus!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
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