Antes de fazer sucesso na Alemanha, o jogador nasceu e passou os cinco primeiros anos de sua vida em um campo de refugiados em Gana, chamado Buduburam. Foi só apenas após esse período que ele e sua família, fugindo da guerra civil na Libéria, foram realocados no Canadá. O talento do menino com a bola chamou a atenção na escola católica que estudava na cidade de Edmonton, província de Alberta. Sua professora entrou em contato com Tim Adams, fundador de um projeto que ajuda crianças que moram em regiões pobres a arcar com os custos de participar da liga de futebol da região.
“Por favor, saibam disso: no momento em que vocês mergulham na água, se preparam para lançar, pisam na arena, saibam que vocês não estão sozinhos”, disse Davies na carta. “O mundo está com vocês, incluindo 82 milhões de pessoas deslocadas, 12 das quais estão vivendo com uma deficiência.”
O atleta do Bayern afirmou que nem todos entendem a trajetória dos refugiados. As experiências que tiveram, as coisas que viram, a discriminação que enfrentaram. Mas por conta de sua história, ele compreende a situação e isso é uma parte importante de quem ele é hoje.
“Eu li suas histórias e aprendi sobre as jornadas pelas quais vocês passaram. Vocês são a equipe esportiva mais corajosa do mundo agora”, disse. Ressaltando que, apesar das dificuldades, eles nunca desistiram, Davies lembrou do trabalho duro e determinação que levaram os integrantes da equipe aos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020.
“Vocês são referências agora, com o poder de inspirar outros”, afirmou o canadense. Ele apontou que a performance dos refugiados no Japão vai mudar a vida das pessoas. Jovens e refugiados que, através do esporte, irão acreditar que podem ser bem-sucedidos e se tornarão “as próximas enfermeiras e os próximos professores e cientistas”.
A Paralímpiada começa nesta terça, com aproximadamente 4.400 atletas competindo em 22 esportes. O time de refugiados é formado por seis atletas. Parfait Hakizimana, lutador de taekwondo do Burundi, pequeno país da África Oriental onde se encontra a nascente do Rio Nilo, é o primeiro. A canoísta Anas Al Khalifa, Alia Issa, do lançamento de taco, e o nadador Ibrahim Al Hussein são os sírios que fazem parte da equipe. Shahrad Nasajpour, iraniano do lançamento de disco e Abbas Karimi, nadador afegão e um dos porta-bandeiras da equipe, completam o grupo.
Na Olimpíada de Tóquio, 29 atletas de 11 países competiram em 12 esportes. Por conta do domínio do grupo fundamentalista islâmico Taleban no Afeganistão, a lutadora de taekwondo Zakia Khudadadi e o corredor Hossain Rasouli foram impedidos de participar dos Jogos. Khudadadi pediu ajuda na última semana para realizar seu sonho de ser a primeira mulher afegã em uma Paralímpiada.
“Estamos aqui representando as pessoas de todo o mundo que são refugiados, por isso todos nós temos trabalhado muito para enviar uma mensagem de esperança e fazer com que esta equipe mostre isso”, disse a chefe de missão e ex-nadadora paralímpica Illeana Rodriguez.
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