Mariana Salles e Marcilei Rossi
No mesmo dia em que o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a pandemia da covid-19 “está longe de terminar”, a deputada federal Leandre Dal Ponte (PV) disse, durante uma visita ao Diário do Sudoeste, em passagem por Pato Branco nesta segunda-feira (12), que “muitos problemas que o Brasil está enfrentando hoje foram coisas que a gente [Comissão Externa de Acompanhamento as Ações de Enfrentamento ao Coronavírus] já vinha alertando o governo no passado”.
Em comum, tanto a fala do diretor-geral da OMS, avaliando o contexto global, e a de Leandre, em termos federal, está a preocupação quanto à não adoção de medidas comprovadas de Saúde Pública.
A deputado do PV do Paraná destacou que a comissão externa da Câmara dos Deputados, composta por 34 parlamentares, busca acelerar a compra de vacinas. “Estamos trabalhando nisso, discutindo com especialista e tentando trazer o Ministério da Saúde nesse compromisso desde agosto”, pontuou. Ela fala ainda da preocupação com os itens hospitalares, principalmente os necessários para a intubação dos pacientes, que em março registrou crescente de 1.000%.
Leandre afirma ter conversado com coronel Franco, coordenador da área hospitalar do Ministério da Saúde, ponderando que “o Paraná é o epicentro da doença”. Ela diz ter solicitado que, assim como foi feito com o Amazonas, com o repasse de uma parte do estoque estratégico, o Paraná também seja beneficiado com mais vacinas neste momento para garantir uma maior imunização da população e frear o contágio.
Ainda no campo da articulação, a deputada se reuniu com representantes brasileiros da OMS pedindo medicamentos para o Paraná, de onde afirma ter ouvido que a organização já havia realizado levantamento com os países produtores de medicamentos e insumos para fornecê-los ao Brasil, porém tal ação estava na dependência do Governo Federal.
A deputada destacou também que a população precisa se conscientizar para reduzir os números da pandemia. “Para não pegar e não passar, enquanto a vacina não chega para todo mundo, são [necessárias] aquelas ações básicas, usar máscara, manter o distanciamento. O grande problema que a gente ainda enfrenta são as pessoas que não se convenceram que a doença é séria, e a hora que ela precisar de um equipamento de saúde pode não ter disponível para seu atendimento.”
Com relação ao Governo Federal, Leandre diz que “o governo é muito mais de reação do que ação. Ele reage àquilo que ele é provocado”. A deputada exemplifica com a troca de ministros da Saúde, e completa: “Percebemos que a pessoa que assumiu o Ministério (Marcelo Queiroga) é pautada na ciência. E não adianta, o que salvou a vida das pessoas não foi opinião pública, foi a ciência.”
Criticando a postura do presidente da República, a deputada comenta que “o governo também demorou um pouco para assumir a gravidade da situação. Os estados e municípios sofrem. A Câmara tem feito aquilo que é seu papel, aprovar todas as medidas necessárias para que o Executivo possa trabalhar de forma mais séria. Tudo que está dentro da possibilidade a gente aprovou. Mas não adiantar aprovar algo se quem está executando não tem a responsabilidade de fazer a execução”. Ela ainda completa dizendo que “você não consegue obrigar o governo a fazer o que ele não quer, e tem coisas que é o Executivo que tem que fazer. A gente também fica esperando essa ação do governo”.