“Minha postura sempre foi estar aberto para negociar com os demais partidos políticos. Se houver alguém com melhor condições de se viabilizar como uma alternativa a Lula e Bolsonaro, entendo que precisamos estar abertos a essa discussão”, afirmou Leite. “Eu espero que João Doria tenha essa mesma disposição de dialogar, de buscar construir uma alternativa para o Brasil.”
Segundo colocado na tumultuada disputa tucana, Leite e Doria trocaram duras críticas ao longo da campanha interna, que teve a impugnação de eleitores dos dois lados – em meio a acusações de que datas reais de filiação ao partido foram alteradas no credenciamento, o que deixou mais de 100 eleitores fora do pleito – e a pane tecnológica que atrasou o processo em quase uma semana.
Apesar da disposição de seguir influenciando o cenário nacional, Leite se volta agora para a própria sucessão no Rio Grande do Sul. Ele reiterou a promessa de que não vai disputar a reeleição e trabalha para fazer do atual vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, recém-chegado ao PSDB, candidato de uma ampla aliança capitaneada pelos tucanos.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
A disputa interna do PSDB foi bastante dura, o senhor tem alguma pretensão de deixar o partido?
Me submeti às prévias do partido, sou filiado ao PSDB há 20 anos, nunca tive outro partido e pretendo continuar no PSDB. Respeito a decisão que foi tomada pelo partido nas suas diversas instâncias. Eu me apresentei como uma alternativa, tivemos 45% dos votos mesmo enfrentando uma máquina e uma estrutura muito forte. Eu não me vejo saindo do PSDB.
Como o senhor pretende contribuir para a campanha nacional tucana com Doria candidato?
Essa campanha das prévias demonstrou que temos estilos e métodos diferentes, mesmo assim estamos no mesmo partido político. Tanto quanto eu puder ser útil dentro de um processo que ajude a construir uma alternativa pelo PSDB, eu estou à disposição para ajudar. E antes mesmo do PSDB vem o Brasil, acima de tudo vem o Brasil. Então, a minha postura sempre foi estar aberto para negociar com os demais partidos políticos. Se houver alguém que melhor condições tiver de se viabilizar a uma alternativa a Lula e Bolsonaro, entendo que nós precisamos estar abertos a essa discussão. Espero que o João Doria tenha essa mesma disposição de dialogar, de buscar construir uma alternativa para o Brasil. E trabalho tanto quanto desejar e for possível para que ele, e o PSDB, seja a alternativa. Mas é importante estar aberto e discutir com outros partidos se houver alguma outra candidatura que melhor se viabilize nós temos que ter essa humildade de reconhecer. Acho que o PSDB é quem deve liderar o projeto de centro, mas temos que estar abertos para conversar com outros partidos de outras opções que surjam.
O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior segue sendo o candidato a representar o governo ou o partido pode abrir mão da cabeça de chapa em prol de algum candidato de outro partido que representa o governo?
Isso é uma discussão que a gente pretende aprofundar agora e que envolve os partidos aliados e que têm disposição de seguir conjuntamente conosco no processo local, e também unidade no projeto nacional, não necessariamente no mesmo projeto, mas com afinidade de visão para o País. Pretendo, nas próximas semanas, começar a promover esses encontros que nos ajudem a discutir entre os partidos políticos caminhos, alternativas. O Ranolfo é, sem dúvida nenhuma, um quadro qualificado, tem todas as condições de representar o nosso projeto, mas não se impõe automaticamente como nome. Isso deve ser validado e conquistado junto aos partidos que compõem a nossa base.
O Progressistas foi um partido basilar no seu governo tendo inclusive o líder do governo na Assembleia. E é um partido que tem como candidato o senador Luiz Carlos Heinze, extremamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro. Como o senhor vê a postura que o PSDB deve adotar dentro estados, especialmente no Rio Grande do Sul, em relação ao governo Bolsonaro e a candidatos bolsonaristas? O senhor subiria em um palanque bolsonarista?
Eu tenho os Progressistas como parceiros importantes do nosso governo, eles têm nos ajudado desde o início do mandato em pautas importantes na Assembleia Legislativa. Os quadros dos Progressistas no governo dão colaborações importantes. Agora, de fato, o projeto que o partido, neste momento, está apresentando para o ano que vem tem uma divergência profunda de visão de caminho para o País. Não há, no que eu projeto para o futuro, qualquer possibilidade de estarmos associados ao projeto nacional do presidente Bolsonaro.
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