A diretora Luísa Lima, os roteiristas George Moura e Sérgio Goldenberg, todo mundo fala maravilhas de você em Onde Está Meu Coração. Como foi fazer esse trabalho?
Foi muito forte. Desde que recebi o roteiro, senti que seria uma experiência importante, transformadora para mim. Enfrentamos um problema desses na minha família. Posso dizer que não é o problema de uma pessoa. A família adoece junto. O papel não caiu no meu colo, fiz por merecer, tive de fazer teste. A complexidade de Amanda me atraiu e aterrorizou. A fragilidade humana. Como as pessoas se tornam autodestrutivas. A Amanda exige muito de si mesma e, como médica, vive submetida ao estresse da profissão. Inicia-se na droga com o marido, quase como um jogo. E, de repente, ela está vivendo no inferno.
É um papel que exige mais psicologia ou fisicalidade?
As duas coisas. Conversei muito com a (diretora) Luísa (Lima) sobre a essência da personagem, e foi decisivo para mim. Não quisemos torná-la óbvia, mantendo uma zona sombria, misteriosa. Mas também houve a maquiagem, o figurino, que me ajudaram a criar a degradação dessa Amanda. Para dar a sensação de que eu estava encolhendo, sendo tragada por ela, o figurino ficou mais largo, eu nadava naquelas roupas maiores do que eu e que me engoliam. Era necessário manter o foco. Não julgávamos a Amanda. Era isso e eu dei o melhor de mim, vivendo essa derrocada física e moral, mas à espera de um renascimento.
Por mais exigente que tenha sido esse papel, imagino que a Marilyn não tenha sido necessariamente mais fácil. Foi?
Nem um pouco. Eles foram todos uns amores, o Halder, o Edimilson, mas já eram um grupo. Todo mundo se conhecia, eu era a estranha chegando. E não foi só isso. Acho que fazer a mocinha é muito difícil. Não se cria uma mocinha de qualquer jeito, impunemente. É que nem o herói, e a Marilyn tinha essa coisa de ser sexy. Era importante não ultrapassar um limite, para não cair na vulgaridade.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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