Livros para aflorar o amor pela leitura

Clube de leitura Leia Mulheres de Francisco Beltrão indica seleção de obras para instigar a curiosidade, bem como o amor pela leitura e pela escrita

Buscando incentivar a leitura de obras com autoria feminina, os clubes Leia Mulheres de Francisco Beltrão e de Pato Branco realizam encontros mensais para discutir obras de várias mulheres, com temáticas relevantes.

No clube de Francisco Beltrão, o encontro deste mês será no dia 25 de setembro, às 16h, no Parque de Exposições Jayme Canet Júnior, seguindo todas as medidas de prevenção à covid-19.

Uma das mediadoras do Leia Mulheres de Francisco Beltrão, Angélica Servegnini de Wallau, revela que, nessa edição, o clube vai ler o livro “Eu, empregada doméstica: a senzala moderna é o quartinho da empregada”, da autora Preta Rara.

Historiadora e rapper, a autora trabalhou como empregada doméstica durante nove anos. “Ao decidir relatar nas redes sociais episódios de racismo sofridos durante o período, sua publicação repercutiu e ela começou a receber mensagens de outras empregadas domésticas vítimas de maus-tratos e violências, fato que culminou, no intuito de receber e sistematizar os depoimentos, com a criação de uma página na internet e na publicação do livro”, resume.

A mediadora acrescenta que, no título, a autora faz uma analogia “entre a senzala e o quartinho da empregada, problematizando a situação degradante que vivem milhões de trabalhadoras domésticas no país, em sua grande maioria negras”.

Angélica, ainda, apresenta uma seleção com outras cinco sugestões de leitura. Vale a pena conferir!

Quarto de despejo: diário de uma favelada

Esta publicação, lançada pela primeira vez em 1960, é resultado da seleção de escritos mantidos pela autora Carolina Maria de Jesus em diários. Nele ela relata sua vida, sua condição de mulher negra, periférica e mãe solo, expõe inquietações e angustias de uma realidade de violência, descaso e fome, apresentando o cotidiano do seu ofício de catar papel pelas ruas da cidade e também de seu processo de escrita.

Em formato de diário, é uma obra mundialmente conhecida e estudada, seu caráter documental de registro lhe concede também uma importância história. É uma escrita visceral que causa estranheza, desloca e faz refletir nossos próprios processos de construção.

“A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós, quando estamos no fim da vida, é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro”. Carolina Maria de Jesus – Quarto de despejo.

O que o sol faz com as flores

Rupi Kaur é uma poeta contemporânea nascida na Índia, que utilizou, inicialmente, de redes sociais para dar publicidade aos seus escritos. Seu primeiro livro, lançado em 2014, vendeu mais de um milhão de cópias e permaneceu no topo da lista de mais vendidos do New York Times por 40 semanas.

Em seu livro de poesias “O que o sol faz com as flores” ela percorre, em versos livres e ilustrações minimalistas, uma jornada entre murchar, cair, enraizar, crescer e florescer, abordando temáticas relacionadas a crescimento, amadurecimento e cura, a ancestralidade, a honrar suas origens e a encontrar um lar em si mesma.

“Você não acorda um belo dia e se transforma em borboleta – crescer é um processo”. Rupi Kaur – O que o sol faz com as flores.

Amora

Natália Borges Polesso reúne, nesta coletânea de contos, 33 escritos sobre o amor no feminino, estórias de mulheres em diferentes fases da vida, com relatos que abordam a descoberta da sexualidade e do amor, as percepções e as transformações experenciadas por cada mulher, a forma como encontram a si mesmas e também como percebem o mundo, e como esse encontro pode tornar impossível seguir a vida sem transformações.

“E ficamos ali, atrás do muro que esconde nosso pátio da rua e que esconde a nossa vida das pessoas”. Natália Borges Polesso – Amora.

Querida Konbini

Este é um romance escrito por Sayaka Murata, uma das principais escritoras da literatura japonesa na atualidade, ganhadora de vários prêmios e autora dez livros. Nesta publicação, através da história de Keiko, a autora questiona os padrões sociais estabelecidos, as exigências impostas a cada sujeito para se adequar ao que se convencionou chamar de normalidade. A narrativa é uma reflexão sobre a atual sociedade da padronização, onde tudo e todos que não se adequam são eliminados.

“Não me lembro com clareza de como era minha vida antes de eu renascer como funcionária da loja de conveniência”. Sayaka Murata – Querida Konbini.

Olhos D’água

Esta coletânea de contos apresenta a existência humana, através de uma linguagem sensível e poética. De autoria de Conceição Evaristo, reconhecida por sua escrita literária atravessada por experiências de vida e vivências sociais múltiplas, o livro tem muito da história de vida da autora, trazendo como personagens, em sua grande maioria, mulheres negras e periféricas, avós, mães, esposas e filhas, que têm suas histórias marcadas por invisibilidades, violências e submissões, mas também pela resistência e busca por outros espaços de construção e reconhecimento.

“Querença, haveria de sempre umedecer seus sonhos para que eles florescessem e se cumprissem vivos e reais. Era preciso reinventar a vida, encontrar novos caminhos. Não sabia ainda como”. Conceição Evaristo – Olhos D’água.

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