Pe. Lino Baggio, SAC
Estava participando de um jantar, quando, perto de onde me encontrava, começou um bate-boca entre dois senhores em que cada um procurava defender a sua Igreja. Um deles que, visivelmente alterado, defendia a Igreja Católica errou do começo ao fim. Não conhecia a catequese dos santos e, tentando provar que nós católicos somos a melhor Igreja, praticamente afirmou que nós adoramos Maria. Não era uma pessoa indicada para defender a nossa Igreja. Mostrou que nunca lera o catecismo católico. Seu oponente não era melhor. Errou nas datas, nos fatos históricos e insistia em repetir alguns textos bíblicos. Ouvira algum pregador da sua nova Igreja e falou como quem ouvira falar, mas não tinha lido os livros que ele disse ter lido. Foi triste e inquietante ouvir os dois naquele jantar. Mais triste ainda ver que os presentes à mesa aceitavam tudo passivamente. Parecia discussão de colorado e gremista. Um se vangloriando das vitórias do passado, outro exaltando as atuais conquistas do seu time, ambos rindo dos erros do outro e cada um explicando e justificando esta ou aquela eventual derrota do seu timão.
Não somos obrigados a ficar em silêncio quando alguém ofende a nossa mãe, mas não se resolve o problema xingando a mãe do outro. Moleques fazem isso; cristãos, nunca! Se alguém ofende a nossa Igreja e nos alteramos, ofendendo a dele, negamos o Cristo. O mundo não ficará melhor com isso. Já sabemos aonde leva essa conversa de demônios do lado de lá e anjos do nosso lado, eleitos e rejeitados, santos e ímpios e salvos e perdidos.
Quando ensinamos que os nossos fiéis estão salvos e os fiéis deles precisam ser convertidos, já começou a mentira. As guerras de fundo religioso começaram com esse tipo de pregação exclusivista e excludente; em geral, também presunçosa e recheada de vaidade. “Nós sabemos mais, entendemos melhor a Bíblia, seguimos melhor o Cristo, amamos mais a Deus, somos mais eleitos e, por isso, Deus está mais conosco do que com vocês que ainda não o conhecem!”. Quem já não ouviu esse tipo de pregação no rádio, na televisão ou nas redes sociais? Não são ingênuos nem ignorantes. Quem faz esse discurso sabe por que o faz e aonde quer chegar. Sabe por que diminui a Igreja do outro e que pontos fracos dela escolheu ressaltar. Sabe também por que oculta os pontos fracos da sua e omite as passagens bíblicas que poderiam dar razão à outra Igreja! Existe um ditado que diz: “Não é a vaca que berra mais alto que produz o melhor leite”. A Bíblia fala muito da modéstia, que não é uma virtude do pobre conformado, mas daquele que não faz de sua grandeza o assunto principal de sua conversa.
A melhor forma de defender a nossa Igreja numa hora dessas é despedirmo-nos cortesmente e desejarmos que a mesma luz que ele quer que nos ilumine não acabe por cegá-lo!
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