Num discurso na televisão, Macron alertou que a desestabilização do Afeganistão pode gerar fluxos migratórios irregulares e afirmou que embora a França continue a proteger “os mais ameaçados”, a Europa sozinha não pode suportar as consequências da situação real.
“Será lançada uma iniciativa para construir, sem esperar mais, uma resposta robusta, coordenada e unida”, afirmou Macron em seu discurso. O presidente disse que já conversou sobre o plano com a chanceler alemã, Angela Merkel.
Macron prometeu “luta contra os fluxos irregulares, solidariedade no esforço e harmonização dos critérios de proteção e a cooperação com os países de trânsito e de acolhimento”, o que poderia incluir acordos com Paquistão, Turquia e Irã, por exemplo.
O presidente francês afirmou que neste momento a urgência absoluta é colocar em segurança os franceses que ainda estão no Afeganistão, assim como os afegãos que trabalharam para a França.
Para retirar civis do país, Macron ordenou o envio de forças especiais e de dois aviões militares, que tiveram de fazer escala na base aérea que a França tem nos Emirados Árabes Unidos. A previsão é de que os voos cheguem ao Afeganistão nas próximas horas, e as forças especiais trabalharão em parceria com os militares dos EUA.
A França esteve envolvida militarmente no Afeganistão desde que os Estados Unidos lançaram a operação internacional contra o regime do Taleban no final de 2001, em resposta aos ataques terroristas de 11 de setembro, até sua retirada no final de 2014.
Rotas de fuga
Milhares tentam escapar do país. Nesta segunda-feira, vários afegãos agarraram-se à lateral de um avião militar dos EUA, em uma tentativa desesperada de embarcar.
Houve caos no aeroporto, onde pelo menos cinco pessoas morreram, de acordo com a agência Reuters. Tropas americanas teriam disparado tiros de advertência, afirmam testemunhas.
Os voos foram interrompidos mais tarde por causa do caos, com a Alemanha dizendo que teve que desviar seu primeiro de três voos de retirada planejada para a capital do Usbequistão, Tashkent, porque não havia como pousar em meio à multidão de pessoas na pista.
Vídeos e fotos postados nas redes sociais mostraram centenas de civis invadindo a única pista do aeroporto, se acotovelando para subir escadas nos corredores aéreos e sentados no topo dos jatos de passageiros na esperança de conseguir um voo.
Organizações de direitos humanos não estão conseguindo resgatar aliados do Afeganistão. Ativistas, jornalistas e defensores dos direitos das mulheres afegãos tentam identificar rotas de fuga, enquanto as organizações da sociedade civil internacional intensificam esforços após a tomada do Taleban no Afeganistão.
Sem voos comerciais e emissão de passaportes, as novas rotas de fuga devem ser a pé, principalmente via fronteiras com Irã e Paquistão. Só neste ano, mais de 27 mil pessoas cruzaram a fronteira com o Irã, rota de contrabando popular para migrantes afegãos que buscam entrar na Turquia antes de seguir para a Europa.
De acordo com a agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), ao menos 400 mil afegãos já deixaram suas casas desde o início do ano. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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