Tanto a falta como o excesso de peso na gestação são prejudiciais; mais da metade ganhou menos peso do que o recomendado em países de renda média e baixa
A maioria das mulheres de países de renda média e baixa ganham peso de forma inadequada na gestação, revela uma nova revisão de estudos recém-publicada no British Medical Journal, que avaliou dados de 24 países, incluindo o Brasil. Segundo o levantamento, 78% das gestantes avaliadas ganharam peso de forma incorreta – 55% menos do que o recomendado e 23%, excessivamente. Tanto a falta quanto o excesso de peso podem causar problemas para o bebê que está em formação.
“Esse percentual fora do preconizado surpreende porque estamos falando da grande maioria da população de grávidas”, diz o ginecologista Mariano Tamura, do Hospital Israelita Albert Einstein. Ainda segundo o estudo, a maioria (64%) das mulheres começou a gravidez com peso normal, mas 20% tinham sobrepeso ou obesidade e 15,6% estavam abaixo do ideal.
Segundo os autores, a maior parte dos estudos sobre o assunto e os desfechos neonatais são conduzidos em países ricos. Por isso, eles compilaram 53 pesquisas feitas na África, América Latina e Caribe e sudeste asiático, totalizando 118.207 participantes.
Para se ter uma ideia, um dos estudos brasileiros revisados, feito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) com 173 gestantes, constatou que 41% tiveram um ganho insuficiente e 22%, excessivo. “Isso acontece por vários motivos, desde a falta de acesso a alimentos de qualidade até orientação e monitoramento incorretos”, explica o especialista.
Engordar menos do que o recomendado durante a gravidez aumenta o risco de parto prematuro, de fetos pequenos para a idade gestacional e baixo peso ao nascer. O excesso, por outro lado, também está associado a nascimentos antes de tempo e a bebês muito grandes – isso sem contar o risco de complicações para a gestante, como hipertensão e diabetes gestacional.
Todos esses desfechos adversos estão relacionados a maior taxa de mortalidade e de problemas como atrasos no desenvolvimento infantil e transtornos cardiometabólicos no futuro. “Diversos fatores podem atrapalhar esses bebês e passam por imaturidade de alguns órgãos e desajustes metabólicos ao nascer, além de dificuldades no parto”, explica Tamura.
O ganho de peso adequado pode ser um marcador da quantidade e qualidade de macro e micronutrientes essenciais ao bom desenvolvimento da gravidez. Segundo o médico, começar uma gestação no peso certo reduz o risco de complicações, mesmo que depois se engorde mais ou menos do que o esperado.
O total de quilos que uma grávida pode ganhar depende do estado nutricional (se está acima, abaixo ou nas medidas consideradas ideais). O ginecologista alerta que as adolescentes merecem cuidado redobrado, pois são mais sujeitas a complicações caso não ganhem peso de forma adequada.
De modo geral, diz o médico, o ganho de peso recomendado é o seguinte:
- Grávidas abaixo do peso – devem ganhar entre 12,5 e 18 quilos
- Com peso ideal – entre 11,6 e 16 quilos
- Acima do peso – entre 7 e 11 quilos
- Obesas – entre 5 e 9 quilos
Fonte: Agência Einstein
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