Em conversa via Zoom com o Estadão, Rafael Cortez revela estar em um momento particularmente positivo de sua carreira, de amadurecimento. “Eu estou muito feliz, todos os dias tenho me emocionado”, diz o cantor e humorista sobre conseguir ir adiante com projetos pessoais. “Em um país como o nosso, num momento tão frágil da cultura, tão dramático, como o que a gente está vivendo, estou aqui como um realizador de conteúdo, e o mais legal, tudo autoral”, reflete.
Com trabalhos no teatro, TV, cinema, música e humor, Cortez comenta o seu mais recente trabalho, o CD Que Sorte a Minha, e o que ele significa em sua vida: “Ele (o álbum) representa uma afirmação de que eu vou continuar fazendo conteúdos, independentemente das marés”, diz.
“É a consolidação do fazer, sou fiel a esse princípio de que é necessário, a despeito de governos, pandemia, dinheiro, ou de crítica, seguir fazendo.”
RITMOS
Gravado na pandemia, o álbum de Cortez conta com direção musical de Pedro Mariano e produção de Patricia Fano. Orgulhoso do seu time, o cantor diz que esse trabalho tem a sua cara e que a lapidação feita por Mariano deixou o produto bem mais elaborado. Um dos aspectos que ele ressalta é o fato de o álbum conter músicas em gêneros variados. “Eu gosto de ouvir um disco e ver curvas, gráficos, detestaria a ideia de fazer um disco de faixa contínua”, avalia.
“O álbum traz uma miscelânea de ritmos e a maior parte das canções nasceu na pandemia”, afirma, lembrando que, nesse período, ao ser ver com tanto tempo livre, decidiu aproveitar ao máximo, produzindo algo novo. “Eu poderia ter maratonado séries, lido os livros que estou devendo para mim mesmo ou ouvido a maior parte desses discos que estão aqui na minha estante, e muitos deles eu nunca ouvi”, diz. “Mas foi na direção de criar alguma coisa nova que segui, para não ficar louco também.”
Das 11 composições do novo trabalho, Rafael Cortez revela que a que dá nome ao disco, Que Sorte a Minha, é uma canção de amor feita para sua namorada, Marcella Calhado. Mas explica que, mesmo sendo dedicada a ela, a letra “não tem gênero”.
“Há muitas músicas que deixo em gênero neutro, que podem ser cantadas de um homem para uma mulher, de um homem para um homem, de uma mulher para uma mulher, assim elas podem surtir efeito em qualquer relacionamento afetivo.”
NA TV
Cortez comemora essa fase criativa e de projetos concretizados como o de estar no comando do programa Matéria Prima, que estreou recentemente na TV Cultura e vai ao ar aos sábados, às 20h. Segundo o apresentador, até chegar à emissora paulista, a trajetória foi longa, “um trabalho de quase dez anos”. Com relação a usar o nome do antigo programa apresentado por Serginho Groisman, Cortez conta que é difícil encontrar um nome que ainda não tenha sido patenteado por alguém.
Por isso, a ideia de usar esse nome, que já pertencia à emissora. Nesse novo formato, com o DNA de Cortez, “cada programa tem uma provocação e a ideia é tirar as pessoas do lugar-comum”, observa, citando o caso do cantor Supla, que estará em um dos blocos do programa tocando um samba de Vinicius de Moraes e Baden Powell, ao violão.
PROJETOS
Cortez tem ainda novos trabalhos pela frente, com a apresentação da série Voluntários, Tudo pela Ciência, da Disney+. E integra o projeto da TV Cultura com o diretor Luiz Fernando Carvalho, que tem o título provisório O Sono do Homem Branco, e no qual interpreta o Marquês de Marialva.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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