Alberto André
Mais de um mês de guerra. Até o momento, não há avanços nas negociações entre Rússia e Ucrânia para o encerramento do confronto. Mesmo com um cenário de incerteza, a economia global já sente os fortes impactos da guerra e tentam conter a inflação, recordista em vários países.
Como as regiões envolvidas no confronto são fortes produtoras de fertilizantes, trigo, petróleo e gás, é possível perceber, automaticamente, que a oferta de alguns itens é reduzida. As commodities brasileiras já apresentavam um histórico de elevação devido aos problemas climáticos enfrentados ano passado – maior seca dos últimos 91 anos, o que agrava ainda mais o cenário por aqui. No entanto, conforme o confronto permanece, o impacto nos preços é global.
Dentre os itens fortes da Rússia, destacamos o trigo – mesmo que o Brasil dependa mais do trigo da Argentina, os reajustes pesam também aqui no bolso do brasileiro. Apesar disso, o Brasil tem pouca relação com a Rússia e Ucrânia e é um forte exportador de uma série de commodities (petróleo, grãos, minério de ferro, entre outros). Desta forma, o lado positivo é a valorização do real com o aumento dos preços. Já o petróleo, que era um grande vilão desde o início da pandemia, continuará sofrendo oscilações nos barris, já que a Rússia tem uma fatia de mercado bem alta- é o terceiro maior fornecedor de petróleo no mundo.
Segundo as projeções do Bank of America, um dos maiores bancos americanos, o barril do Brent pode chegar aos US 200 diante das sanções impostas à Rússia. Todas as variações no barril do petróleo interferem nos preços das bombas de gasolina brasileira encarecendo os alimentos e o transporte. Sendo assim, cabe aos consumidores buscarem alternativas para driblar a situação.
No melhor dos cenários – seria a reconciliação entre os envolvidos –, ainda assim, o Brasil tem um desafio grande para este ano e para o próximo, já que o alto preço das commodities reforça uma inflação persistente, que afeta de forma cruel as casas de menor renda. Para completar, em ano eleitoral, os rumos políticos que estão por vir nortearão a situação do bolso do brasileiro.
Cofundador e CEO do Plusdin, fintech de indicadores de serviços financeiros