Mais três municípios do Sudoeste estão certificados para operar o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte do Paraná (Susaf-PR). Com o selo impresso nas embalagens ou rótulos, as agroindústrias inspecionadas e indicadas pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) de Marmeleiro, Palmas e Chopinzinho poderão vender os produtos de origem animal em todas as cidades do Estado.
“Com muito respeito, reconhecemos o esforço de mais três municípios na proteção à indústria pequena, na proteção ao consumidor, mantendo os serviços de inspeção funcionando”, disse o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Com as novas adesões, 18 municípios paranaenses já estão no programa.
Segundo ele, a regulamentação do Susaf em 2020 ajudou a dar novo rumo ao sistema de inspeção e fiscalização no Brasil, que impedia movimentos naturais.
Ortigara reforçou a necessidade dos municípios terem um bom serviço de inspeção, com qualidade equivalente ao do Estado, e que este seja equivalente ao serviço federal. “O consumidor merece ser tratado com respeito, com responsabilidade e do jeito adequado”, afirmou.
O presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, disse que o trabalho desenvolvido visa a que, no próximo governo, pelo menos a metade dos municípios e suas agroindústrias sejam vinculados ao Susaf.
A chefe do Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento em Pato Branco, Leunira Viganó Tesser, disse que a inclusão de um município no Susaf começa com uma conversa com prefeitos e secretários municipais da Agricultura, e depois passa para a orientação sobre os procedimentos.
Mel
Na quarta-feira (9), em Pato Branco, o casal Alaor Francisco Cristiani e Eva Rodrigues recebeu o primeiro certificado Susaf de Marmeleiro. A Mel Mani poderá, a partir de agora, utilizar o selo de qualidade e vender o produto nos 399 municípios do Paraná.
O casal tem propriedade desde 1999 e, por 20 anos, produziu perus, que alimentavam a linha industrial de empresa frigorífica da região. A partir do fechamento da indústria, eles optaram por investir no mel, com manutenção de 300 colmeias da Apis e 250 de abelhas sem ferrão. A Mel Mani produz cerca de 10 toneladas ao ano.
Até 2021, o mel era entregue a uma empresa de Maringá, que exportava o produto. A partir deste ano, os produtores decidiram investir no comércio local, com envase próprio para abastecer mercados do consórcio regional.
“Essa conquista representa praticamente tudo. No consórcio são dez municípios pequenos, e agora, com o Susaf, vamos ampliar para todo o Estado, e ainda temos as redes de supermercado e a perspectiva de vender bem mais”, afirmou Cristiani.
Inspeção
O Susaf-PR compreende um conjunto de ações de inspeção sanitária e de fiscalização dos produtos oriundos da agroindústria familiar e de pequeno porte e da produção artesanal. O serviço de inspeção pode ser feito pelo município ou por um consórcio de municípios. O sistema é gerido por um conselho gestor e por uma câmara técnica.
O município ou consórcios, por sua vez, precisam ter o SIM estruturado e atuante, com médico veterinário responsável e um site oficial onde consta a relação dos estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção. O pedido de cadastro deve ser protocolado na Adapar pelo município. A indicação dos estabelecimentos que poderão se enquadrar no novo sistema também é feita pela administração municipal.
Podem se habilitar ao Susaf a produção artesanal e a agroindústria de pequeno porte e as que já têm produção de média escala. As empresas devem se enquadrar nos critérios técnicos sanitários e a análise dos documentos apresentados para adesão será efetuada pela Câmara Técnica do Susaf/PR.
Os estabelecimentos interessados em obter o selo do Susaf/PR devem seguir os programas de autocontrole necessários como limpeza, desinfecção e higiene, hábitos higiênicos e saúde dos manipuladores. Além disso, são exigidos manutenção das instalações e equipamentos, controle de potabilidade da água, seleção de matérias-primas, ingredientes e embalagens, controle de pragas e vetores e controle de temperatura.
Eles também devem contratar um profissional legalmente habilitado, que tenha cursado a disciplina de tecnologia, industrialização e conservação de produtos de origem animal ou análogas, conforme determina o órgão fiscalizador da profissão e no qual deve, obrigatoriamente, estar inscrito.
Livre de brucelose
Na mesma solenidade, o Estado entregou o certificado de propriedade livre de brucelose e tuberculose aos produtores Edilson e Maristela Gaio, de São Jorge d´Oeste. “Muitas propriedades já estão certificadas na região Sudoeste, e esta entrega é simbólica do trabalho realizado”, disse a chefe do núcleo da Seab em Pato Branco, Leunira Viganó Tesser. Brucelose e tuberculose bovina são doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas, chamadas cientificamente de zoonoses.