Marco Maciel teve sua carreira marcada pela discrição e pela habilidade como articulador político, inclusive no processo de redemocratização do País. FHC destacou a lealdade do seu vice e outros nomes da política apontaram a integridade como sua principal qualidade. “Se me pedirem uma palavra para caracterizá-lo, diria: lealdade”, disse o ex-presidente. “Viajei muito, sem preocupações: Marco exercia com competência e discrição as funções que lhe correspondiam. Deixa saudades.”
ACM Neto, presidente do DEM, ex-PFL, partido que Maciel ajudou a fundar, afirmou que ele foi uma “liderança capaz de motivar políticos de todas as idades”. “Com sua exemplar atuação na vida pública, escreveu uma história irretocável de dedicação ao nosso País.”
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ressaltou o perfil conciliador do “professor e conselheiro”. “Era um verdadeiro estadista, cuja biografia deve servir como exemplo para o Brasil, especialmente neste momento tão tristemente marcado pelo acirramento ideológico e pela cega confrontação.”
Biografia. Marco Antônio de Oliveira Maciel nasceu em 21 de julho de 1940, no Recife, em Pernambuco, e seguiu os passos do pai na política. O perfil conciliador, lembra o jornalista Angelo Castelo Branco, autor do livro de notas bibliográficas Marco Maciel: Um Artífice do Entendimento (Editora Cepe), formou-se já nos tempos de estudante.
Maciel era aluno de Direito da Universidade Federal de Pernambuco e, no início da década de 1960, se candidatou à presidência do diretório estudantil do Estado. “De centro-direita, se candidatou contra o grupo de esquerda”, afirma o jornalista. “Ele resolveu visitar todas as faculdades da cidade para fazer seu discurso, mesmo as que eram reacionárias a ele. Maciel foi à faculdade de Arquitetura, que tinha muitos estudantes de esquerda, para discursar. Acabou sendo eleito.”
Filiou-se ao partido Arena, que dava sustentação à ditadura militar, e, em 1967, foi eleito deputado estadual. Em 1971, chegou à Câmara e, em 1976, tornou-se presidente da Casa.
À frente do Legislativo, participou de momentos políticos e históricos conturbados para o País, como o período de fechamento do Congresso pelo então presidente Ernesto Geisel, em 1977. Castelo Branco relembra que Maciel minimizou o episódio. “Ele dizia que na política às vezes era necessário dar três passos para trás para depois dar dez para a frente. Maciel viu o episódio como um recuo para depois ter um avanço.”
Já em meados da década de 1980, se associou a Tancredo Neves, Aureliano Chaves e Ulysses Guimarães em prol de um projeto de redemocratização. No período de maior destaque da sua carreira política, Maciel foi eleito vice-presidente pelo PFL, atual DEM, por dois mandatos, de 1995 a 2003.
Repercussão. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), divulgou nota de pesar pela morte de Maciel. “Sua partida inflige enorme perda para a política brasileira e a arte da conciliação.” O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), definiu Maciel como um “homem de espírito público, aberto ao diálogo, um democrata”.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, disse que Maciel “contribuiu para o engrandecimento do Brasil, sempre pautado pela ética e probidade”.
O corpo de Marco Maciel foi velado no Salão Negro do Senado e enterrado no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília. Ele deixa a mulher, Anna Maria Maciel, e três filhos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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