Pe. Lino Baggio, SAC
Jesus foi convidado a um casamento em Caná, na Galileia, e Maria também. Conforme os hábitos da época, a festa durava oito dias e deveria ter bom vinho para todos, até o final. Em uma família pobre, talvez fosse a única festa que os jovens teriam em sua vida, como festa deles e para eles. Era para ser guardada na memória e no coração, como lembrança muito especial. É nesse contexto que olhamos para a presença e ação de Maria e de Jesus.
A festa segue alegre e animada, os convidados celebram com o jovem casal. Maria trabalha no interior da casa, no meio das mulheres, e percebe a situação difícil que surge: o vinho está acabando e a festa ainda vai longe. Seu coração se enche de compaixão. Ela sabe o significado da falta de vinho em uma festa de casamento. Isso transformaria o momento único da vida desses jovens com marca de tristeza e constrangimento. E, para o povo de Jesus, era mais que um constrangimento: acreditava-se que a vida do casal não seria abençoada por Deus e não haveria alegria para eles.
Maria, sempre de prontidão diante das necessidades dos filhos de Deus, coloca-se apressadamente a caminho (Lc 1,39), como era seu costume fazer. Dirigindo-se para a frente da casa, onde os homens estavam reunidos, chama a atenção de Jesus para a situação dos noivos: “Eles não têm mais vinho!” Ela não pede expressamente nada: não pede que Jesus faça algo extraordinário, não pede um milagre; simplesmente apresenta a Jesus a necessidade daquelas pessoas. Assim, a oração verdadeira não se expressa como exigência, mas como confiança.
A resposta de Jesus foi: “Mulher, que temos com isso? Minha hora ainda não chegou”. Essa resposta mostra a consciência de que sua missão depende somente da vontade do Pai, e que nem a Mãe pode interferir nela. Ela sabe que a vida de Jesus limita-se à vontade do Pai, mas ela também sabe que a vontade do Pai é a vida em plenitude para todos e que Jesus sempre realizará essa vontade. Daí a ordem decidida aos serventes: “Façam tudo o que ele vos disser”. Os servos são os encarregados dos trabalhos na festa.
Assim, Maria diz aos seguidores de Jesus e a nós: “Escutem a palavra do meu filho e a coloquem em prática. Façam sempre o que o meu Filho vos disser, mesmo que isso pareça estranho para vocês em momentos de dúvida, de dificuldade e de desolação”. Maria, com seu olhar que evangeliza, está sempre atenta para perceber onde se faz necessária a Boa Notícia do Reino e para nos dizer que é lá que devemos anunciá-la.
Uma imagem do Antigo Testamento afirma que a vinda de Deus a Israel será como a de um noivo que vem ao encontro da noiva (Is 54,5-6; Os 2, 16-19). Ao mesmo tempo, na cultura judaica, a água representa a antiga Lei revelada por meio de Moisés, e o vinho simboliza as novas bênçãos que serão concedidas ao povo. Jesus traz o vinho inigualável em sabor, que inaugura o novo tempo messiânico, pleno de alegria para todos os povos.
Neste mês de maio, que está caminhando para o seu final, Maria nos evangeliza e aponta-nos o caminho para que nossa vida e missão tenham sempre o sabor do vinho novo de Jesus: “Fazei tudo o que ele vos disser”. E o faremos com esperança e cheios de alegria.
Vigário Paroquial na Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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