Piedade se passa em parte num cinema pornô, tem cenas fortes. O que é o filme para você?
A pornografia é do sistema, é desse ultracapitalismo que somente acentua a desigualdade social e objetaliza as pessoas. Como todo filme de Claudião, é sobre afetos. Por detrás da aparência durona ele é um doce.
A presença de Fernanda Montenegro num filme dele parece surpreendente. Você fez a ponte?
Ao ler o roteiro, sugeri ao Claudião que Fernanda fizesse o papel. Ele tinha medo que ela recusasse, mas como já fizemos muita coisa juntos, tenho entrada com ela. Liguei e ela topou na hora, sem nem ler o roteiro. Só pediu uma leitura de mesa, que ele nunca tinha feito com a gente antes. E ela se incorporou ao grupo de forma horizontal. Mesmo hotel, mesma comida, nenhum tratamento especial.
O filme tem tubarão no mar e seu personagem é um tubarão fora d’água. Como foi fazer?
Foi uma experiência muito rica porque, de todos, acho que é o personagem que menos tem a ver comigo, mas eu precisava fazê-lo com sua verdade.
Como vê o momento atual?
Esse é, para mim, um filme de presságio. Acredito que, com essa corrida ao streaming, o cinema de arte vai se fortalecer e o teatro será a igreja da nossa prece pagã. Nós e a arte venceremos o horror.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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