A médica de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, Carolina Fernandes Biscaia, tornou-se ré após ser acusada formalmente pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em outubro de 2024. A denúncia, aceita pela Justiça em 31 de janeiro, refere-se a casos de lesão corporal, estelionato, falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão, com 38 vítimas identificadas.
Detalhes da Denúncia e Resposta da Defesa
A investigação contra Biscaia teve início em março de 2024, após pacientes suspeitarem de procedimentos cirúrgicos desnecessários. A defesa da médica, notificada em 3 de junho, tem 10 dias para apresentar sua resposta. O advogado Valmor Antonio Weissheimer enviou nota (leia ao final da matéria) que a defesa comprovará a “injustiça” sofrida por sua cliente, ressaltando que diversos crimes foram rejeitados pela Justiça.
Inquérito Revela Fraude nos Diagnósticos
O delegado Helder Lauria, responsável pela investigação, revelou que Biscaia enganava pacientes simulando diagnósticos de câncer de pele. A médica examinava pintas e manchas, afirmando que algumas poderiam ser cancerígenas, realizando a retirada de material e encaminhando para análise laboratorial.
Na reconsulta, ela apresentava laudos falsos com diagnóstico de câncer de pele, utilizando um equipamento de xerox para criar novas versões de laudos falsos sobre os verdadeiros.
Punições e Impedimentos
Em março de 2024, o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) puniu a médica com “censura pública” por anunciar especialidades que não possuía. Desde maio, uma Interdição Cautelar Total, determinada pelo CRM-PR e aprovada pelo Conselho Federal de Medicina, impede Biscaia de exercer a profissão.
Em consulta ao site do conselho, não foram encontradas especialidades atribuídas à médica no Paraná e em São Paulo, apesar de ela se apresentar como dermatologista nas redes sociais. O CRM informou que a interdição cautelar total da médica continua vigente e que “demais informações correm sob sigilo processual”.
Áudio revela comemoração de falso diagnóstico
Um áudio obtido pelo g1 Paraná em março de 2024, e que consta no inquérito, mostra a médica comemorando a retirada de um falso melanoma de uma paciente. A conversa, gravada pela vítima em janeiro de 2024, revela a médica afirmando que a paciente teve “a chance de pegar assim (melanoma), nesse estágio de que a gente só amplia a margem e está curada”.
A vítima, que já teve melanoma em 2013, contou à polícia que fez a gravação por precaução, pensando em repassar o material aos familiares. Ela descobriu o falso diagnóstico após encontrar inconsistências no laudo apresentado por Carolina, comparando com o documento retirado diretamente no laboratório.
Após a descoberta, a gravação passou a ser prova para a investigação. A paciente, que gastou mais de R$ 5 mil no procedimento de ampliação de margens, leva uma cicatriz desnecessária na perna.
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Nota da Defesa
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