Os médicos que se formam no exterior, em especial nos países da América Latina, além de vivenciarem o desafio de viver em um outro país, estudar em outra a língua e passar pelo Revalida ainda precisam lidar com o preconceito. Conheça a história de Thaylane, uma médica em processo de revalidação.
Um dos momentos mais desafiadores da nossa existência é a transição da adolescência para a vida adulta. Ele coincide com escolhas que se perpetuarão e vão refletir em todo o futuro, como a escolha da profissão a qual vamos seguir. Depois de terminar o colégio, entramos para a universidade, um universo totalmente novo e totalmente diferente do que até então conhecíamos como escola.
Por si, a situação já é de grande adaptação, que fica ainda maior quando deixamos a casa dos nossos pais para estudar em outra cidade. Afinal, a autonomia tem seu preço, e ele envolve aprender a cuidar da casa, da alimentação, das roupas e ainda ter responsabilidade para não deixar os estudos em segundo plano. Quanta coisa, não é mesmo?
Agora, imagine passar por tudo isso e ainda precisar se comunicar em outra língua e viver em outra cultura para realizar o sonho de ser médico?
Assim como tantos brasileiros que estudam medicina no exterior, essa é também a história da médica em processo de revalidação, Thaylane Toneli, que sempre sonhou em ser médica, mas deparou-se com a inviabilidade de cursar medicina no Brasil. “As mensalidades das universidades privadas são um absurdo de caras, e as faculdades públicas são muito concorridas. Naquela época, não estava disposta a ficar anos no cursinho. Foi por isso que decidi fazer medicina fora do Brasil”, conta a médica, que se formou na Universidade Internacional Três Fronteiras – Uninter, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai.
Thaylane relembra seus maiores desafios nesse processo. “A cultura do país, sem dúvida, foi um desafio. O ensino em espanhol, com a maioria das provas orais, cara a cara com o professor, foram difíceis, assim como lidar com o nervosismo nesses momentos”, diz.
No entanto, a médica diz que a adaptação, longe da família, foi a pior parte. “Eu não tinha maturidade. Precisei aprender muitas coisas e me tornar independente do dia para a noite. Esse processo foi bem difícil porque estar sozinha em um lugar onde não conhecia e não confiava em ninguém foi realmente desafiador.”
Nem só de desventuras se fez essa jornada. Thaylane realmente ficava muito feliz ao perceber cada uma de suas evoluções, tanto na parte técnica, sobre conhecimento da medicina e em conseguir aplicar esse conhecimento com os pacientes, quanto na parte pessoal, quando se via cada vez mais madura e pronta para enfrentar o que ainda estava por vir.
O que é preciso saber antes de decidir por estudar medicina em outro país?
Viver em outro país exige diversas burocracias. Por isso, Thaylane dá algumas dicas do que é preciso fazer antes de tomar essa decisão. A primeira delas é pesquisa bastante sobre a faculdade que deseja ingressar. Depois, fazer a documentação de imigração.
“Recomendo também que as pessoas se informem sobre o Revalida antes de iniciar a graduação, porque é um processo difícil”, alerta.
No mais, ela diz que é preciso ter paciência e dedicação no processo de aprendizado e perseverar, porque vão haver muitos obstáculos, entre eles a adaptação e as regras da faculdade. “É preciso que pessoas e situações não te distraiam e te tirem do foco”, indica.
Outro fator que Thaylane cita como necessário de se ter ciência é que o estudante de medicina que estuda em outro país enfrentará preconceito.
Revalida
Agora, Thaylane está em processo de revalidação, algo que ela considera difícil e demorado. “Requer paciência e dedicação, mas é algo necessário. Apesar da falta de respeito que o INEP [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira] tem com os revalidandos, não é impossível de passar”, acredita.
A médica comenta que o Revalida é uma prova onde poucos médicos conseguem atingir o objetivo, inclusive os formados no Brasil. “Acredito que seja por isso que ela não é aplicada para faculdades brasileiras, assim como os formandos de direito precisam passar no teste da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] para advogar.”
Assim que conseguir sua revalidação, Thaylane planeja começar a estudar sua especialidade – ela pensa em gastroenterologia – e depois pretende abrir seu consultório para então, oficialmente, exercer a medicina no Brasil.
Redes sociais
Por identificar que muitos brasileiros têm curiosidade ou mesmo planejam estudar medicina em outros países, Thaylane usa suas redes sociais para esclarecer as dúvidas e contar suas vivências, assim como compartilhar conteúdo sobre saúde.
“Sempre gostei de redes sociais. Vejo que muitas pessoas que me seguem têm preconceito com médicos formados no exterior, e eu decidi fazer isso para aproximar esse público e levar conhecimento sobre saúde e esclarecer dúvidas sobre medicina no exterior”, diz.
Quem tiver interesse sobre o assunto pode seguir a médica em instagram.com/thaylanetoneli.
A melhor médica do Brasil !