Por Assessoria
Depois do melado com a Indicação Geográfica, Capanema, no sudoeste do Paraná, pode conquistar mais uma IG. A Associação dos Apicultores de Capanema e Região (Apic), a Prefeitura, o Sebrae/PR e UTFPR Campus Dois Vizinhos uniram esforços para gerar valor na cadeia produtiva. A principal característica do mel de Capanema é a sua produção com pólen de flores do Parque Nacional do Iguaçu.
No dia 24 de dezembro de 2021, a Apic protocolou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o pedido de registro da marca coletiva “Parque Iguassu”, para mel e própolis. É mais uma etapa no processo para solicitar a denominação de origem (DO), uma das modalidades de IG. A inspiração para o nome da marca vem da identidade dos produtores com a riqueza do ecossistema de Capanema – O Parque Nacional do Iguaçu, que tem 67 quilômetros de divisa com o município e o rio Iguaçu.
No pedido de registro, também foram anexados o plano de controle, o manual de uso e o regulamento de utilização da marca coletiva Parque Iguassu, além do estatuto social da Apic, todos elaborados com o apoio do Sebrae/PR. A marca “Parque Iguassu” poderá ser utilizada por produtores associados à entidade, desde que sigam as especificações técnicas e de boas práticas relacionadas na solicitação feita ao instituto.
Cleiton Cesar Lagemann, presidente da Apic, relata que o projeto vem sendo desenvolvido desde 2018.
“Fomos agraciados com parceiros fortes, como UTFPR Dois Vizinhos, Sebrae, Prefeitura e Sicredi. Com essas parcerias, o trabalho está criando corpo”, destaca.
O apicultor ressalta que as abelhas produzem o mel com as floras de louro (diferente da planta de mesmo nome utilizada como tempero), vassourinha, unha de gato e cambará, principalmente. “São todas espécies nativas do Parque Nacional do Iguaçu. O mel de louro, por exemplo, é suave, saboroso e com uma consistência diferente”, compara Cleiton.
O presidente da Apic acrescenta outra ação que está acontecendo, com apoio da UTFPR Campus Dois Vizinhos, o melhoramento genético de rainhas. As abelhas africanizadas (Apis mellifer) são as mais utilizadas pelos apicultores e as rainhas vêm, normalmente, de Minas Gerais.
“Mas, pela distância, nem sempre chegam em boas condições e estão ambientadas a outro clima. Com a produção aqui, teremos rainhas ambientadas às nossas floradas e temperatura”, prevê o apicultor. As rainhas adaptadas à região de Capanema devem resultar em maior produção de mel.
Alyne Chicocki, consultora do Sebrae/PR, comenta que a instituição tem trabalhado em parceria com os apicultores, visando desenvolver a cadeia produtiva.
“Temos atuado no suporte técnico, desde a formalização da Apic, passando por consultorias técnicas em produção, boas práticas, associativismo e inovação, com foco na produtividade e no mercado. O desenho da marca coletiva, o design de novas embalagens e o planejamento estratégico da associação também estiveram sob responsabilidade do Sebrae. O próximo passo será abrir novos mercados para esse mel diferenciado”, lista a consultora.
Atualmente, o município de Capanema tem 138 produtores de mel catalogados. A estimativa é que o volume produzido neste ano ultrapasse as 50 toneladas. Raquel Belchior Szimanski, secretária de Agricultura e Meio Ambiente de Capanema, conta que 90% dos produtores têm área com menos de um módulo rural, o equivalente a cinco hectares. O município possui uma extensa divisa com o Parque Nacional, separado apenas pelo rio Iguaçu.
“Nas propriedades pequenas, é preciso diversificar a produção para ter outras fontes de renda. O Sebrae tem esse olhar à frente para identificar novas oportunidades. O Município participa também, para que os produtores se desenvolvam, ampliem o volume comercializado, o que se refletirá na economia local”, detalha.
A secretária Raquel acrescenta que mais de cem apicultores participaram da primeira reunião sobre o tema e 30 foram capacitados pelo Sebrae/PR. O Município cedeu uma escola que estava desativada, na região de Santa Ana, como sede da Casa do Mel, e a Apic forneceu a mão de obra. Foram obtidos, ainda, recursos no valor de R$ 120 mil para equipamentos utilizados na extração do mel e fornecidas 200 caixas de madeira para as colmeias.
Parque Nacional
O projeto pode ganhar mais um parceiro de peso, o Parque Nacional do Iguaçu. Cibele Munhoz Amato, chefe do Parque Nacional do Iguaçu, esclarece que não há parceria formalizada com o projeto, mas reconhece que a iniciativa tem convergência com os objetivos do Parque.
“O projeto já nasce com a visão de melhorar os processos e incorporar os princípios de sustentabilidade. As abelhas têm papel importante na polinização das lavouras no entorno. E também para a flora do parque, que tem 185 mil hectares”, avalia.
Cibele Amato observa ainda que a administração do Parque Nacional do Iguaçu tem tentado criar pontes com possíveis apoiadores às ações que estão acontecendo, com forma de contribuir com a execução do projeto.