Melhor é o monstro que se conhece, do que aquele que se ignora.

Começou enfim mais uma COP 30, evento de magnitude ímpar, ocasião propicia para uma mudança de paradigmas na história humana, uma reunião com uma temática extremamente multifacetada e também profunda, é a vida no seu todo que está em jogo, seja ela humana ou extra-humana, são as nossas práticas cotidianas em relação ao meio ambiente que estão em discussão, recordar de como chegamos a essa situação, bem como rememorar toda a trajetória nos dias atuais não é uma tarefa fácil e nem mesmo quem está na COP 30 tem condições de fazer esse exercício num curto espaço de tempo; a COP 30 deveria ser um espaço e um tempo para todos exporem as suas alegrias, as suas tristezas, temores e também a esperança que move todo ser humano; a COP 30, e uma ocasião para se debater o presente e o futuro da existência e não um simples faz de contas de fotografias.

Sabemos muito bem que todas as COPS que vieram antes, praticamente deram em nada, com raríssimas exceções, ou seja, muito se falou, muito se discutiu, centenas de debates acalorados, compromissos de todos os tipos para serem levados adiante, mas no final, todas as boas intenções foram devidamente sepultadas na memória ou em livros que hoje estão empoeirados em alguma biblioteca qualquer e que ninguém procura. Todas as COPS tiveram e tem seus apoiadores e também aqueles que tentam por todos os meios rebaixá-las ou minimizando a sua importância, com a COP 30 isso não será diferente, alguns países não se farão presentes, mas aqueles que virão deveriam ser transparentes, lúcidos e coerentes, meias verdades, vernizes nas tantas palavras ocas, já não enganam, são milhões de afetados por tragédias climáticas cada vez mais intensas e devastadoras.

Ontem, como hoje, estar atento aos sinais dos tempos não é mais uma questão para este ou aquele setor, o mundo está envolto num sem número de acontecimentos que culminam em última instancia no meio ambiente e nas pessoas evidentemente, tudo o que é feito usando o planeta como depósito de nossas ações sejam elas pensadas ou não, mais cedo ou mais tarde elas se voltam para nós mesmos, há aqueles que digam que o planeta já assumiu uma posição insustentável de sobrevivência, os perigos tem se intensificados de modo preocupante; ou em outras palavras, teremos condições de sobreviver sem água potável? As espécies vão resistir a secas cada vez mais severas? Com a temperatura aumentando e os solos com cada vez mais de elementos estranhos, conseguirão produzir alimentos suficientes para a humanidade toda? Esses são só os questionamentos mínimos.

A COP 30, já se inicia com um exemplo terrível em solo brasileiro, na última sexta feira dia 07, a querida cidade de Rio Bonito do Iguaçu-PR, foi atingida por um tornado de extrema violência, deixando um rastro de morte, destruição, pânico e insegurança em todos, as imagens de magnitude ímpar estão correndo o mundo, o Brasil já teve em seu meio inúmeras tragédias, mas aquelas relacionadas ao meio ambiente nos últimos tempos tem se intensificado, isto é, cheias, incêndios, ventos fortes e agora tornados, mais uma vez notamos o quanto nós estamos totalmente despreparados e também despreocupados para com esses eventos quando eles chegam, percebe-se nas reportagens, pouca ou nenhuma alusão às mudanças climáticas e as ações humanas que desencadeiam esses acontecimentos, o meio ambiente apesar de estar ao nosso lado, continua distante de nós. 

Bioeticamente, que a COP 30 não seja mais um encontro vazio, permeado por reuniões ocas, fina falsidade em se maquiar a realidade que aí está a olhos vistos, o Brasil como outro país qualquer precisa fazer seu dever de casa, ele não é o melhor,  exemplo em proteção ambiental e também não é o último, por outras vias, ele está no turbilhão chamado mudanças climáticas, tem seus exemplos a serem seguidos e também aqueles que já há muito deveriam ter sido eliminados. Não sejamos tolos mais uma vez de que a COP 30 é encontro de boas intenções, de pessoas inocentes e isentas de culpa há nele os que querem uma mudança radical de rumo para melhorar a situação climática e há aqueles que querem que tudo fique como está, ou quanto pior melhor; que o terrível exemplo de Rio Bonito do Iguaçu-PR, sirva de exemplo de virada para todas as delegações ali presentes.

Rosel Antonio Beraldo, mora em Verê-PR, Mestre em Bioética, Especialista em Filosofia, ambos pela PUC-PR; Anor Sganzerla, de Curitiba-PR, Doutor e Mestre em Filosofia, professor titular do programa de Bioética pela PUC-PR. Emails: ber2007@hotmail.com e anor.sganzerla@gmail.com