Mesmo em meio a dificuldades, a amamentação materna é possível através de ajuda especializada

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, o índice de amamentação exclusiva entre as crianças menores de seis meses é de 45,7% e, mesmo esses dados permanecendo estáveis nos últimos anos, é importante observar que com as campanhas governamentais de incentivo à amamentação e o fortalecimento de profissões acolhedoras e orientativas, resultados positivos tem sido alcançados, não apenas com relação ao fato das mães terem ampliado a consciência sobre a importância de amamentar, bem como, a formação de uma rede de apoio capaz de auxiliar à prática correta do aleitamento materno.

Para abordar esse assunto, conversamos com duas consultoras em aleitamento que explicaram e ensinaram questões importantes sobre amamentação materna que todas as mães devem saber.

Segundo as especialistas, os benefícios da amamentação para a saúde do corpo do bebê e da mãe são inúmeros e muito importantes. “Além de proporcionar vínculo, o leite humano é o alimento que contém todos os nutrientes e vitaminas com inúmeras vantagens imunológicas e psicológicas para o bebê. Comprovadamente é o único alimento que oferece anticorpos e estimulam o desenvolvimento do sistema imune do bebê”, disse a consultora Patrícia Furukawa.

Dra. Patrícia de O. Furukawa (Coren/PR: 118748) é consultora em aleitamento materno na Amare Pediatria Especializada.

A mesma explicou que para as mães, a amamentação pode ajudar a acelerar a recuperação do parto, a perda de peso após a gravidez, prevenir doenças como câncer, osteoporose, doenças do coração e diabetes. “Ela também traz benefícios para a sociedade, uma vez que, a amamentação é uma das formas mais econômicas e eficazes de redução da mortalidade infantil. Além disso, ela colabora com o planeta, já que o leite materno é sustentável, ambientalmente seguro, não causa poluição e não necessita de embalagens”.

A consultora, Joeci Coelho, complementou observando o fato que o ato de amamentar promove uma conexão emocional que traz muitos benefícios para ambos. “Amamentar é muito mais do que nutrir a criança. É um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho, com repercussões no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua saúde no longo prazo, além de ter implicações na saúde física e psicológica da mãe. Tem efeitos, inclusive, na saúde mental. Estudos já comprovaram que indivíduos amamentados têm menos chances de desenvolver distúrbios emocionais, desvios de conduta e dificuldades comportamentais”.

Muitas mães, não apenas têm consciência deste vínculo, mas também buscam de diversas maneiras poder amamentar seus filhos, porém, existem contextos que impossibilitam esta prática. Ocorre que, infelizmente, em seu entendimento, e na ânsia de viver por completo o sonho de ser mãe, algumas mulheres tentam forçar, além das possibilidades, o estímulo na produção de leite e acabam sofrendo com dores no corpo, como os decorrentes da mastite, por exemplo.  Sobre esse assunto, a dra. Patrícia explica que “não é a persistência em amamentar que causará consequências físicas para a mãe, mas sim, amamentar de maneira inadequada ou não tomar as medidas necessárias mediante as dificuldades. Por isto, uma orientação profissional é tão importante”.

A profissional destacou ainda que quando a mãe não consegue amamentar, por algum fator que não depende dela, ela não pode ser julgada, ou fazer autojulgamento por isso. “Essas situações não são muito frequentes, mas quando ocorrem, há maneiras de contornar e com a ajuda de um profissional, a mãe pode ter prazer ao amamentar seu filho, mesmo que seja com fórmula. A amamentação é um importante meio de conexão com o bebê, mas é possível estabelecer vínculos com o bebê de outras maneiras”, disse.

CONSULTORIA: COMO FUNCIONA?

A consultoria em aleitamento materno é um atendimento personalizado oferecido por profissionais a fim de auxiliar mãe e bebê com orientações e condutas relacionadas à cuidados com a mama, postura, posicionamento, pega e sucção do bebê, ordenha até o desmame. “O atendimento pode iniciar a qualquer momento, como durante a gestação, período que podem ser esclarecidas as primeiras dúvidas, na maternidade onde as primeiras dificuldades podem surgir ou em casa, quando muitas orientações são passadas por pessoas não capacitadas, aumentando assim, a insegurança da família e até interferindo na amamentação”, explicou a enfermeira Joeci.

A enfermeira, Joeci Coelho, (Coren/PR: 80226), é Consultora em aleitamento materno.

A consultora comentou ainda que “a prolactina que é o hormônio responsável pela produção de leite tem seus níveis regulados pelo estímulo de sucção através da pega adequada e da frequência das mamadas. No entanto, a ocitocina, hormônio responsável pela ejeção de leite, é influenciada por fatores emocionais maternos: ela aumenta em situações de autoconfiança e diminui em momentos de ansiedade e insegurança. Por conseguinte, é fundamental que a mãe receba apoio, orientações e soluções adequadas diante das dificuldades”.

Sobre a possibilidade de reverter quadros de mulheres que não conseguem produzir leite, Patrícia explica que em alguns casos, isso é possível, sim. “Nos casos de mães que não produzem leite suficiente e que estão relacionados a fatores como: dores, estresse, depressão no pós-parto e pega incorreta na mama, entre outros, é possível a correção ou tratamento por meio de um profissional”. 

“De fato, há algumas situações em que a mãe não produz leite, ou a produção é insuficiente, mas cada caso precisa ser avaliado. Por exemplo, alteração na anatomia da mama, alguma doença materna e cirurgias mamárias são alguns dos fatores que podem interferir na produção de leite, mas com a ajuda e orientação corretas, a magia da amamentação pode acontecer”, observou a enfermeira. 

BANCOS DE LEITE HUMANOS

Hoje os bancos de leite humano são grandes aliados para os hospitais para alimentar prematuros e bebês de baixo peso para aqueles casos em que as mães ainda não conseguem fornecer o seu leite para seu filho, mas não tem como ter um acesso livre e buscar leite para seu filho, depois da alta hospitalar.

“Em Pato Branco, nós contamos com um Banco de Leite Humano. A doação é segura e toda mulher que amamenta é considerada uma possível doadora de leite humano – basta estar saudável e não tomar nenhum medicamento que interfira no processo.  A verdade é que a doação de leite humano salva vidas”, concluiu a consultora Joeci. 

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