“A meta dos US$ 100 bilhões não foi cumprida. E este valor já não é mais suficiente para que o mundo construa uma nova economia verde com uma transição responsável”, afirmou. De acordo com o ministro, são necessários volumes mais ambiciosos, de fácil acesso e execução ágil, para que a transformação ocorra de forma inclusiva em cada território ao redor do mundo, prioritariamente em regiões mais vulneráveis em relação a clima e desenvolvimento econômico.
Ontem, num evento paralelo do Brasil na COP-26, o ministro citou o relatório de um banco, dizendo que seriam necessários cerca de US$ 5 trilhões para sanar o problema no mundo. No mesmo painel, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, disse que os volumes não se tratam de “filantropia”, mas de uma compensação pelo fato de os países mais ricos terem se desenvolvido usando recursos naturais, uma visão que não existe mais no mundo atual.
Assim como disse ontem no evento brasileiro, Leite afirmou hoje na plenária da Convenção que os países que historicamente e atualmente são os responsáveis pelos maiores volumes de poluição da atmosfera devem demonstrar suas efetivas ambições de financiamento nesta conferência. De acordo com ele, não é mais possível que os países continuem a “postergar ainda mais um compromisso assumido em 2015 e até o momento não realizado em sua plenitude”. “Todas as partes desta conferência devem assumir suas responsabilidades comum, porém diferenciadas na direção de uma economia verde neutra em emissões”, afirmou.
O desafio global a ser superado, conforme Leite, é reverter a lógica negativa da punição, da sanção e da proibição, para a lógica positiva do incentivo, da inovação, da priorização. “É necessário transformar a agenda ambiental em oportunidade de crescimento econômico e geração de empregos verdes”, disse, acrescentando que, a partir de uma visão construtiva, será possível encontrar o caminho para criar o futuro sustentável.
Joaquim Leite apresentou vários programas e ações voltados à sustentabilidade feitos pelo Brasil nos últimos tempos em discurso realizado na sessão plenária da COP-26. Também aproveitou a oportunidade para dizer que o País está empenhado não apenas nas negociações para a criação de um mercado de carbono global, mas também em atingir metas mais rígidas para diminuir a quantidade de emissão de gases poluentes.
“O Brasil, como ator chave nas negociações, fez movimentos importantes durante os primeiros dias e anunciamos metas climáticas ainda mais ambiciosas: redução de emissões de 50% até 2030 e neutralidade climática até 2050; zerar o desmatamento ilegal até 2028; e apoio à redução global de metano”, citou. Como o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, registrou nos últimos dias, estas novas metas ficaram aquém das expectativas. “De forma proativa, demos claros sinais de que o Brasil é parte da solução para superar esse desafio global de redução emissões.”
Leite mencionou que a agricultura brasileira de baixo carbono já restaurou quase 28 milhões de hectares de pastagens degradas, que há 16 milhões de hectares de florestas nativas em recuperação, que o País tem o maior programa operacional do mundo de biocombustíveis, que as energias renováveis contribuem com 84% da nossa matriz elétrica, gerando o recorde de empregos em solar e eólica, e que o programa de gestão de resíduos sólidos já reduziu em 20% o número de lixões a céu aberto. “Destacamos especialmente o Programa Águas Brasileiras, com objetivo de chegar a 100 milhões de árvores plantadas”, indicou.
O ministro ressaltou ainda o Novo Marco do Saneamento Básico, a “incrível transformação” no modal logístico para o ferroviário com mais de 5 mil km de novos trilhos, o que representa, segundo ele, uma redução de 75% das emissões no transporte de cargas. “Resultados como estes demonstram a força da atual e real política ambiental brasileira”, disse.
Na COP, Leite descreveu também que foi lançado o Programa Nacional de Crescimento Verde, para dar prioridade a iniciativas sustentáveis públicas e privadas voltadas à redução de emissões, conservação florestal e uso racional de recursos naturais. “O programa já nasce com recursos de bancos federais da ordem de US$ 50 bilhões”, calculou.
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