Até o momento, 91 equipamentos foram instalados nas estações Carrão (37), Guilhermina Esperança (29) e Belém (25), na zona leste paulistana. A implementação está sendo realizada na estação Penha e o cronograma prevê que as próximas estações a receber o sistema serão Vila Matilde, Patriarca-Vila Ré e Tatuapé. O investimento é de R$ 58 milhões.
Segundo o Metrô, as câmeras serão interligadas a uma central com recursos de inteligência artificial, com softwares capazes de fazer a leitura das imagens e emitir alertas em casos de invasões da via, crianças desacompanhadas ou objetos suspeitos abandonados nas estações.
Esse novo “Big Brother” do transporte sobre trilhos estará ligado ao Centro de Controle da Segurança e emitirá alertas. “Se um sujeito deixa uma pasta em uma estação, a gente consegue monitorar e ter um alerta. Isso já ocorre em outros países no metrô e no trem para evitar atos de violência e terrorismo”, disse o secretário de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy. Também teremos uma faixa virtual de invasão. Se tiver uma ocorrência que não é comum, o sistema vai identificar.”
O uso de máscaras pode dificultar o reconhecimento, mas outros padrões como altura e cor da roupa. O objetivo, diz o Metrô, não é a identificação facial. Mas se for preciso, por exemplo, buscar um passageiro desaparecido e já houver imagem do passageiro com máscara, também fica mais fácil a identificação.
“O sistema vai fazer o monitoramento dos pontos reconhecidos como críticos. Sabemos que há furtos de cabos com certa frequência. Podemos fazer o posicionamento das câmeras para monitorar e ter uma captura das imagens com trabalho automático. Não precisa ficar com o operador do sistema vendo full time. Se ocorrer o furto, é possível atuar com a equipe presencial para prender o meliante”, afirmou Baldy.
Segundo ele, a instalação das câmeras, que também será realizada nos pátios de manutenção, já vai inibir esse tipo de ação. “Mais de 60% das reduções de velocidade, que denominamos como problemas na via, são por invasões por suicídio ou furto, atos de vandalismo. Com esse sistema de monitoramento, não posso dizer que vamos acabar com essas situações, mas vamos reduzi-las.” Segundo Baldy, outra medida para evitar esses episódios é a implantação das portas de plataforma nas estações.
Mas o andamento de ambas as medidas travou. Em 2009, anúncios de que as plataformas teriam portas que se abririam simultaneamente às portas do trem já eram feitos. Em 2019, a gestão João Doria (PSDB) disse que a proteção seria colocada em 88 fachadas de 36 estações das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha em 56 meses. Também em 2019, o Estado anunciou que abria a licitação para implementação do projeto do sistema de monitoramento.
“Em 2019, assinamos um contrato após uma licitação, que foi alvo de judicialização entre o primeiro, o segundo e o terceiro colocados. Estamos terminando a implantação das portas de plataforma na linha 5-Lilás neste ano, mas também teve judicialização”, disse Baldy. “Acreditamos que, resolvendo isso, será concretizado em 30 meses, começando pela linha 2, menos extensa. Depois, a 3 e a 1.”
Privacidade
A adoção de sistemas de monitoramento que permitem o reconhecimento facial é alvo de intenso debate sobre a privacidade de passageiros, além do risco de vazamento de imagens e dados no Brasil e no mundo. Outro ponto discutido são possíveis falhas, que podem até levar inocentes à prisão.
Baldy afirma que todo o projeto já foi desenvolvido com base na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada em 2018 e em vigor desde setembro de 2020, que regulamenta o tratamento de dados pessoais por empresas públicas e privadas.
“Todos os pontos da LGPD foram respeitados. Não é um reconhecimento de cidadãos. Ninguém quer fiscalizar ou vigiar ninguém. É para perda de objetos sensíveis, importunação sexual, reconhecimento de pessoas que estejam na lista de procurados da polícia. Não vamos ter acesso ao nome e CPF das pessoas”, disse ele.
O sistema contará ainda com um Data Center, que está sendo montado pelo Metrô, que atua integrado às câmeras e tem capacidade de armazenamento de imagens por 30 dias. “Serão armazenadas por um período maior, em um contrato seguro, para que as ocorrências possam ser investigadas.” Baldy diz que, mesmo com a pandemia, os projetos para expansão das linhas continuam. “Neste 2º semestre, vamos abrir a licitação para a compra de 44 novos trens para o Metrô, uma frota nova, com ar condicionado.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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