A reação de Michelle alimentou a polêmica sobre o possível uso do vocabulário tradicional evangélico na tentativa de fortalecer uma imagem política. Como mostrou o Estadão na semana passada, o peso do voto religioso conservador foi um dos principais temas levantados por defensores da aprovação de Mendonça para o Supremo.
Pastores e aliados buscaram persuadir parlamentares a votar a favor da indicação do presidente Bolsonaro e, assim, “ganhar pontos” com esse segmento da sociedade, considerado importantíssimo no xadrez eleitoral do ano que vem. “Qual senador, que é voto majoritário, quer contrariar 30% da população?”, disse o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
O presidente Jair Bolsonaro também fez da indicação de Mendonça uma oportunidade para fortalecer sua ligação com os religiosos conservadores. O mandatário usa desde o princípio a expressão “terrivelmente evangélico” para se referir ao ex-advogado-geral da União, que também é pastor presbiteriano. Após a aprovação no Senado, Bolsonaro comemorou dizendo estar feliz por ter conseguido conduzir alguém “com Deus no coração” à Corte Suprema.
Nas redes sociais, a comemoração de Michelle motivou diferentes interpretações. Perfis voltados ao público conservador enxergaram uma manifestação genuína da fé da primeira-dama, que frequenta a Igreja Batista. Críticos do presidente apontaram o fator político da cena, que seria um aceno à expectativa nas urnas em 2022 ou, ainda, uma comemoração sobre o que Mendonça, como ministro da Suprema Corte, pode representar para a família Bolsonaro.
O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) lembrou que o ex-ministro deve herdar de Marco Aurélio Mello o processo do cheque depositado por Fabrício Queiroz na conta de Michelle. Já a deputada Carla Zambelli, buscou associar “a esquerda” à rejeição de ter um ministro evangélico na Corte.
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