O Brasil é o segundo país em números absolutos de mortos pela covid. Neste dia 25 de junho, o país somou cerca de 510 mil óbitos, ficando apenas atrás dos Estados Unidos, onde 603 mil pessoas faleceram por covid desde que o Sars-COV-2 fez o mundo se ajoelhar. No entanto, quando se trata de pandemia, os números absolutos, bastante importantes no contexto geral, não dão clareza suficiente ao cenário. Apesar de o nosso país ter registrado 100 mil mortes a menos que os EUA, é preciso levar em consideração, quando fazemos esse comparativo, que a população brasileira é 50% menor que a americana.
Dessa forma, dois indicativos são capazes de desenhar o cenário com mais nitidez: a taxa de mortalidade, que estabelece uma média de quantas pessoas morrem a cada 100 mil habitantes (no padrão brasileiro, mas outras localidades podem adotar mortes por mil, 10 mil, 100 mil ou um milhão de habitantes); e a taxa de letalidade, que é a porcentagem de pessoas infectadas que irão a óbito.
Se em números absolutos o Brasil é o segundo país com mais mortes, em termos relativos aparece em 7º lugar no ranking da taxa de mortalidade, com 239 mortes a cada 100 mil habitantes, conforme dados do Conselho Nacional de Secretarias de Saúde (Conass). Na frente estão Hungria (298/100 mil habitantes), República Tcheca (280/100mil), Bulgária (274/100mil), Bósnia e Herzegovina (272/100mil), San Marino (265/100mil), Montenegro (250/100mil) e Macedônia do Norte (249/100mil). E, apesar de as taxas de mortalidade desses países serem maiores, juntos, eles somam pouco mais de 100 mil mortes, um quinto da perda que tivemos em solo verde e amarelo.
A taxa de letalidade também é outro indicativo importante. Ela mostra quão agressivo está o vírus com suas variantes e, principalmente, se o nosso sistema de Saúde está dando conta dos atendimentos. Dados do Conass apontam que a taxa de letalidade brasileira é de 2,8%. Ou seja, a cada 100 pessoas infectadas por covid-19 no Brasil, 2,8 irão a óbito.
Esses números, claro, variam de acordo com a localidade, pela forma como a população daquele local encara as regras, quais são as políticas sanitárias estabelecidas. E, apesar de as autoridades insistirem em anunciar que a situação permanece estável em nossa região, essa “estabilidade” passa longe do indício de melhora, mas aponta que as coisas continuam não indo bem. Prova é que alguns números da microrregião de Pato Branco são muito piores do que a média nacional. Somando os números dos 15 municípios mais Francisco Beltrão. a taxa de mortalidade é de 284 mortes a cada 100 mil habitantes (ver tabelas).
A capital de São Paulo, por exemplo, cidade brasileira com maior número absoluto de mortes (32.553 em 22 de junho de 2021), apresenta uma taxa de mortalidade (264/100mil) acima da brasileira, mas abaixo de Pato Branco (290/100mil), por exemplo. Isso significa que, caso Pato Branco tivesse um número de habitantes igual ao de São Paulo, teríamos mais mortes do que lá. Também, que o a falta de oxigênio, problema que prejudicou o sistema de saúde de diversas cidades, refletiu mais em Clevelândia (480/100mil) do que em Manaus (410/100mil), ainda que a taxa de letalidade na capital amazonense seja maior — 5%, contra 3.5% em Clevelândia.
Para entender o panorama da doença à nossa volta, traçamos um ranking, considerado a partir do número de mortes, entre Pato Branco, os 14 municípios da microrregião e Francisco Beltrão, no qual calculamos, a partir de dados do IBGE e das secretarias de Municipais de Saúde do dia 22 de junho de 2021, a porcentagem da população que já foi infectada pelo Sars-COV-2, a taxa de letalidade e taxa de mortalidade de cada local.
Para motivo de comparação, fizemos uma tabela com as 16 cidades com mais mortos no país, seu número de habitantes, a porcentagem da população que já foi infectada pelo Sars-COV-2, a taxa de letalidade e taxa de mortalidade.
Lembrando que, os EUA, país com maior número absoluto de mortos durante a pandemia, registrou 355 óbitos por covid nesta sexta-feira (25). A Hungria, país com maior taxa de mortalidade, registrou apenas um, enquanto Pato Branco registrou dois. No Brasil, 2.042 mortes ocorreram nas últimas 24 horas devido a complicações da covid.
Por isso, proteja-se. Use máscara, mantenha as mãos higienizadas, cumpra o distanciamento seguro, fique em casa sempre que possível e tome a vacina assim que estiver disponível para a sua faixa etária.
Ranking das cidades do Sudoeste com mais mortes (em 22 de junho de 2021)
1º – Pato Branco
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 83.843
Infectados – 11.230 (13.4% da população)
Mortos – 245
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2,1%
Taxa de mortalidade – 290 mortes a cada 100 mil habitantes
2º – Francisco Beltrão
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 92.216
Infectados – 15. 330 (16,6% da população)
Mortos – 243
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 1,6%
Taxa de mortalidade – 263 mortes a cada 100 mil habitantes
3º – Palmas
Habitantes (estimativa IBGE 2020) 51.755
Infectados – 6592 (12.7% da população)
Mortos – 151
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2.3%
Taxa de mortalidade -292 mortes a cada 100 mil habitantes
4º – Coronel Vivida
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 20.580
Infectados – 3079 (15% da população)
Mortos – 80
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) 2.6%
Taxa de mortalidade – 388 mortes a cada 100 mil habitantes
5º – Clevelândia
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 16.450
Infectados – 2249 – (13.7% da população)
Mortos –79
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 3.5%
Taxa de mortalidade – 480 mortes a cada 100 mil habitantes
6º – Chopinzinho
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 19.167
Infectados – 2388 – (12.5% da população)
Mortos –47
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 1.9%
Taxa de mortalidade – 245 mortes a cada 100 mil habitantes
7º – Itapejara D´Oeste
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 12.094
Infectados – 2046 – (16.9% da população)
Mortos –41
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2%
Taxa de mortalidade – 339 mortes a cada 100 mil habitantes
8º – Mangueirinha
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 16.642
Infectados – 1892 (11.4% da população)
Mortos – 40
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2.1%
Taxa de mortalidade – 240 mortes a cada 100 mil habitantes
9º – São João
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 12.094
Infectados – 1451 (12% da população)
Mortos – 23
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 1.6%
Taxa de mortalidade – 190 mortes a cada 100 mil habitantes
10º – Vitorino
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 6.859 –
Infectados – 944 (13.8% da população)
Mortos – 22
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2.3%
Taxa de mortalidade – 320 mortes a cada 100 mil habitantes
11º – Mariópolis
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 6.632
Infectados – 659 (9.9% da população)
Mortos – 21
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 3.2%
Taxa de mortalidade – 316 mortes a cada 100 mil habitantes
12º Coronel Domingos Soares
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 7.518
Infectados – 1299 (18% da população)
Mortos – 18
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 1.3%
Taxa de mortalidade – 239 mortes a cada 100 mil habitantes
13º – Saudade do Iguaçu
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 5.539
Infectados – 745 (17.3% da população)
Mortos – 13
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 1.7%
Taxa de mortalidade – 234 mortes a cada 100 mil habitantes
14º – Honório Serpa
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 5.119
Infectados – 474 (9.2% da população)
Mortos – 11
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2.3%
Taxa de mortalidade – 215 mortes a cada 100 mil habitantes
15º – Sulina
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 2.930
Infectados – 388 (13.2% da população)
Mortos – 8
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 2%
Taxa de mortalidade – 273 mortes a cada 100 mil habitantes
16º – Bom Sucesso do Sul
Habitantes (estimativa IBGE 2020) – 3.254
Infectados – 528 (16.2% da população)
Mortos – 7
Taxa de letalidade (média de infectados que vão à óbito) – 1.3%
Taxa de mortalidade – 215 mortes a cada 100 mil habitantes