Dom Edgar Xavier Ertl
Estamos concluindo o tempo quaresmal, tempo de penitência, celebração e meditação, tempo favorável/propício à conversão. O tempo providencial da Quaresma nos chama para converter-nos a partir do coração e, daí decorrem todas as demais atitudes, ações e modos de vida, voltados para Deus e aos irmãos. Para isso temos a Campanha da Fraternidade, como gesto concreto. Quaresma e Páscoa são tempos litúrgicos que evidenciam o ponto central da vida cristã, o Mistério Pascal: Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, o Salvador.
Domingos de Ramos da Paixão do Senhor
Com o Domingo de Ramos, da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa, a semana maior na vida dos cristãos. Este é um tempo todo particular para os seguidores de Jesus, tempo para despertar os ouvidos e, como bons discípulos, prestar atenção (cf. Is 50,4) nos acontecimentos finais da vida terrena de Jesus. Descobriremos aí um manancial de vida nova, mais bela e significativa, exatamente porque caracterizada pelo amor serviçal e pela solidariedade com o sofrimento humano, sobretudo o dos mais pequeninos dentre nós. Experimentaremos que o despojamento e o serviço (Fl 2,7) conduzem a um estilo de vida mais humano e humanizador, capacitando-nos à promoção da vida e da esperança e, disso destas realidades estamos procurando após dois anos de duras provações em virtude da pandemia da covid-19 e outras crises que já vínhamos enfrentando.
Ceia do Senhor e o Tríduo Pascal
Com a celebração eucarística, a Ceia do Senhor, nós abrimos com toda a Igreja Católica o Tríduo Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. É o ápice do Ano Litúrgico porque celebra a Morte e Ressurreição do Senhor, “quando Cristo realizou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus pelo seu mistério pascal, quando morrendo destruí a nossa morte e ressuscitando renovou a vida”. O Tríduo Pascal possui o seu centro na Vigília Pascal. Nestes três dias recordamos a Páscoa de Jesus e nossa participação nela, mediante os sacramentos celebrados com a máxima solenidade que a ocasião exige.
A cruz é o seu trono
Na Sexta-feira Santa, à tarde, num silêncio orante, o povo de Deus se reúne em comunidade para a celebração da Paixão do Senhor Jesus. Dois aspectos da vida, paixão e cruz de Jesus, serão destacados na liturgia. O primeiro trata-se do sofrimento do Mestre que prepara a alegria da Páscoa. O segundo aspecto litúrgico é a humilhação e a injúria de Jesus, e da qual nascerá sua glorificação. Hoje, é a Páscoa de Jesus Cristo: que morre na cruz, passa deste mundo ao Pai e do seu lado brota, para os cristãos, a vida de Deus – ou seja, passa-se da morte do pecado à vida divina, a vida em Cristo, que pela graça de sua morte e ressurreição, traz agora a imagem do novo homem e da nova mulher. Pensemos, pois, em tantas pessoas que ainda hoje são crucificadas pela ação ou pela omissão de nossa parte. Cristo continua sendo crucificado em diversas dimensões da vida humana. Vamos atualizar o sofrimento dele nos sofrimentos do tempo presente, e não deixemos de refletir com profundidade nas vítimas da fome, da guerra entre Rússia e Ucrânia e as milhares das vítimas da pandemia que não estão mais conosco.
Vigília Pascal: É a noite de libertação!
A comemoração da Ressurreição do Cristo ocorre, desde a mais remota memória da Tradição, na noite de sábado para domingo, pois na manhã de domingo – o primeiro dia da semana – o Senhor já não está no sepulcro. É a noite da libertação. A ressurreição de Jesus é o penhor da renovação do universo. O ressuscitado é a primícia da nova criação.
Bispo da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão