Para alguns, eles são aliados dentro de uma rotina cheia e conturbada. Para outros, são os vilões da alimentação saudável. A verdade é que quando o tema são os sucos industrializados, não significa que são opções exclusivamente cheias de conservantes. Por isso, antes de chegar à conclusão se uma bebida industrializada cabe na sua dieta, alguns aspectos precisam ser levados em consideração.
Para entender as características que precisam ser consideradas, conversamos com a nutricionista Marcia Daskal. “Ainda há muitas dúvidas que levam as pessoas a caírem no senso comum, reproduzindo crenças e informações errôneas mesmo sem pensar. Sabendo disso, para se chegar em uma alimentação equilibrada é preciso fazer boas escolhas, e as bebidas industrializadas podem fazer parte dessa decisão diária. Ler o rótulo é uma atitude importante para identificar as opções que fazem sentido e programar quais alimentos entram em cada momento do dia também ajudará a tornar esse processo mais fácil”, orienta.
Abaixo, alguns dos principais pontos colocados pela profissional.
Suco natural é sempre melhor?
Depende das condições em que a fruta foi plantada e conservada. Se por exemplo, entre a colheita e o seu uso a fruta ficou demasiadamente exposta à luz do sol, chuvas e outras intempéries, alguns dos seus nutrientes podem se perder com o tempo, fazendo com que o suco seja menos nutritivo.
O mesmo raciocínio vale para o suco natural que não é consumido logo após ser preparado. Em contato com o oxigênio, ele perde muitos dos seus nutrientes originais.
Suco em caixinha é cheio de conservantes?
A tecnologia das embalagens longa vida impede o contato do produto com a luz e o oxigênio, preservando o valor nutricional e o aspecto físico da bebida. É por isso que sucos em caixinha têm prazo de validade estendido sem a necessidade de adição de conservantes à sua formulação. Além da tecnologia da embalagem, ao ser envazado de forma totalmente asséptica (sem contato com o oxigênio), o suco em caixinha mantém os nutrientes por mais tempo.
Suco industrializado tem muito açúcar?
Para responder a esta pergunta, é preciso entender as diferenças entre os tipos de sucos: integral, 100%, néctar e refresco. O suco integral é feito exclusivamente com a fruta e sem adição de açúcares, a não ser aqueles presentes na própria fruta; o suco 100% é aquele que foi concentrado para facilitar o seu transporte até a fábrica onde ele será processado, sendo, então, diluído novamente em água, mas mantendo semelhança bastante próxima do suco integral (ou seja, nem mais aguado e nem mais concentrado e sem adição de açúcares a não ser os presentes na própria fruta); por fim, há os néctares e os refrescos, que são compostos por até 30% e 10% de fruta, respectivamente. No caso dos dois últimos, pode haver açúcar no produto: o da própria fruta mais o que é adicionado pelo fabricante para deixar a bebida mais agradável ao paladar.
Produtos e embalagens transparentes são mais frescos?
Na verdade, o que determinará o frescor e qualidade do suco é o modo como a fruta foi cultivada e como o seu suco foi processado. Ou seja, tudo dependerá da formulação do produto. No caso dos sucos em caixinha, a tecnologia da embalagem permite que eles tenham maior tempo de prateleira sem a necessidade de adição de conservantes. Além disso, a embalagem (caixinha) também protege o produto da luz, que é um fator importante de oxidação de vitaminas. Então mesmo que você não esteja vendo o produto em seu interior, isso não significa que ele seja menos fresco. Ou seja, o fato de conseguirmos enxergar o produto nem sempre é sinal de qualidade.
“Vejo uma grande desinformação no que diz respeito aos sucos industrializados. O processamento pode ser a pasteurização e o envase, e não necessariamente o uso de aditivos alimentares. A caixinha é uma embalagem e a qualidade do produto depende do produtor. Daí meu reforço sobre a importância de ler os ingredientes. Somos afortunados em ter uma tecnologia que nos permite usufruir de sucos de frutas sem a necessidade de usar conservantes ou de manter o produto em refrigeração. Isso pode ser uma oportunidade de diminuir o desperdício de frutas – aquelas que a gente compra e acaba não consumindo – e também de facilitar o consumo, em situações que requerem praticidade ou diversidade. Não se trata de melhor ou pior, e sim de mais uma forma de apresentação, que, sim, pode fazer parte de uma alimentação saudável, dependendo do contexto alimentar”, finaliza a nutricionista.