Abram-se asas de um anjo,
e envolventes como plumas,
aconcheguem um sonho criança.
Parecerá simples, doçura de esperança!
Tal afeto de uma pupila adormecendo,
serão os devaneios da aura, que vai nascendo,
a melodia que embala esse encanto,
de um sorriso ingênuo, florescendo.
Ouvido recostado ao peito materno,
e não mais que respirando, amando.
Faz-se o som da vida, lindo, fraterno,
como bênção de Deus, orando.
Pedindo pelas flores do cálice,
pelas pálpebras dos seres que amam,
e espreitam a vida por janelinhas,
entreabertas ao carinho da manhã!
Sim, bem cedo, ali seguro sem medo,
quase a aspirar o bálsamo do campo,
ficando no aconchego desse manto,
da melodia das asas desse canto.
Feito lembrança de carícia,
poesia do conto de fada a vividas quimeras
Lúcida e dengosa, bem sem malícia.
Leve, solta, tal pluma divagando deveras.
Sejam estes ou outros, sejam quais mais
os nossos versos, em cálidas partículas.
Estas ou outras rimas, serão só gotículas
de uma emoção por quem gera vida.
Mas ao ouvires a criança desta lenda,
faça da matiz de seu poema,
uma canção de ninar que cintila,
abre asas e afeiçoa novos sonhos.
Eles parecerão centelha a faiscar
nos olhos daquela que nos abraça
inspira, aconchega, se entrelaça
e escuta nosso terno balbuciar:
Mamãe, que bom te abraçar!
Rubens de Lima Camargo
Cadeira 21 – Plácido Machado
Academia de Letras e Artes de Pato Branco (Alap)