
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou nesta sexta-feira (30) a perspectiva do rating soberano do Brasil, que passou de positiva para estável, mantendo a nota de crédito de longo prazo em Ba1, tanto em moeda local quanto estrangeira. Também foram reafirmados os ratings de títulos seniores sem garantia e o rating provisório (P)Ba1, posicionando o Brasil um nível abaixo do grau de investimento.
Segundo a agência, a mudança de perspectiva reflete a deterioração das condições fiscais e a rigidez estrutural das despesas públicas, que limitam a capacidade do governo de promover ajustes orçamentários efetivos no curto prazo, apesar da manutenção das metas fiscais.
“A mudança da perspectiva para estável reflete uma redução gradual dos riscos de crédito ascendentes à luz de uma deterioração pronunciada na acessibilidade da dívida e de um progresso mais lento do que o esperado na abordagem da rigidez da despesa e na construção de credibilidade em torno da política orçamentária”, afirma a Moody’s em relatório oficial.
A agência pondera que, mesmo com o cumprimento das metas de superávit primário, o governo federal enfrenta limitações significativas para estabilizar a dívida pública devido à alta dos juros e à rigidez de gastos obrigatórios.
Crescimento e posição externa sustentam nota Ba1
A manutenção do rating em Ba1 reflete fatores positivos como o tamanho e a diversidade da economia brasileira, além de um histórico consistente de reformas econômicas e resiliência a choques externos, sustentada por robustas reservas internacionais e posição externa sólida.
“Estas forças de crédito são equilibradas com o elevado e crescente peso da dívida, pagamentos de juros elevados e uma estrutura de despesas rígida que limita a capacidade do governo de responder a choques”, ressalta a agência.
Tetos-país permanecem inalterados
A Moody’s manteve inalterados os tetos-país do Brasil. O teto em moeda local segue em A3, quatro níveis acima da classificação soberana, refletindo risco político moderado e estabilidade externa. Já o teto em moeda estrangeira, mantido em Baa1, um nível abaixo do teto local, considera a ampla reserva cambial e a abertura da conta de capitais, ainda que com ressalvas quanto à volatilidade cambial e algumas restrições aos fluxos de capital de curto prazo.
Fazenda reafirma compromisso com reformas e responsabilidade fiscal
Em resposta ao rebaixamento da perspectiva, o Ministério da Fazenda divulgou nota oficial reafirmando o compromisso do governo federal com a responsabilidade fiscal e o avanço das reformas estruturais.
“O Ministério da Fazenda reafirma seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais e com o aprofundamento do processo de reformas estruturais, essenciais para garantir o maior crescimento econômico de longo prazo e assegurar o equilíbrio das contas públicas”, destacou a pasta.
A nota ressalta ainda a colaboração entre o Executivo e o Congresso Nacional, que permitiu a aprovação de medidas importantes, como a reforma tributária, considerada pela Moody’s um fator relevante na manutenção da qualidade do crédito do Brasil.
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