Primeiro, foi enviado para o Oriente Médio, onde testemunhou a ascensão do nacionalismo árabe no Cairo, no Egito, e em Teerã, no Irã. Acompanhou a derrubada do primeiro-ministro iraniano, Mohammed Mossadegh, em 1953. Também escreveu sobre a chegada ao poder no Egito do coronel Gamal Abdel Nasser e seu pan-arabismo. Faust descrevia Nasser como um novo Saladino, o sultão que controlou o país no século 12.
Em 1956, acompanhou a crise iniciada com a nacionalização do canal de Suez, no Egito, que levou à intervenção da França e do Reino Unido. As duas potências coloniais enviaram tropas para retomar o canal, ao mesmo tempo que Israel invadia a península do Sinai. E, depois, tiveram de retroceder em razão da oposição dos Estados Unidos e da União Soviética.
Em 1960, Faust chegou ao Brasil pela primeira vez. Aqui trabalhou cinco anos como correspondente da France Presse. Morava no Rio e testemunhou a queda do presidente João Goulart, em 1964. No ano seguinte, retornou à França, depois de publicar seu primeiro livro em português: A revolução devora os presidentes, sobre a deposição de Jango.
Em Paris, foi dirigir a France Presse. Depois, trabalhou na revista L’Express, da qual foi redator-chefe. Em 1966, publicou uma de suas principais obras: Brasil, uma América para amanhã. No lançamento do livro, afirmou que ele era um trabalho “otimista”. Faust traçava um retrato do Brasil, de seus recursos e problemas, um país “que pode legitimamente, por sua população e sua dimensão, aspirar a um lugar de relevo entre as nações do mundo”. A obra começava com o relato da visita ao Brasil de Charles De Gaulle, então presidente francês. Para o autor, o país sul-americano era “a maior civilização tropical de todos os tempos”. São dessa época vários de seus textos publicados pelo Estadão. Mais tarde, escreveu L’étranger à la mer, em 1969.
Em 1975, retornou ao Brasil. Desta vez, vinha como diretor do grupo francês Saint-Gobain – produtor de fibra de vidro e polímeros de alta performance – para o Brasil e a Argentina. Iniciava uma nova fase de sua vida, a de administrador, que o levaria ao conselho de grandes empresas, como o Grupo Jereissati e o Grupo Estado. Também foi sócio da RadiumSystem, empresa de tecnologia que trabalhava com os polos calçadistas de Birigui e de Jaú, no interior.
Faust voltou a escrever sobre o Brasil, publicando Le Brésil, chroniques d’une democratisation (Brasil, crônicas de uma democratização). Anteontem, seu coração parou. Deixou a mulher, Jacqueline, duas filhas, um filho, netos e bisnetos. Seu corpo foi cremado nesta terça, 10, no Rio, cidade onde morava.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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