Na pesquisa para montar a mostra, que contou com curadores e pesquisadores de outros países, Heitor Augusto notou temáticas em comum. “São principalmente três: o preto enquanto cultura, ou seja, as manifestações culturais, a importância do autorreconhecimento e do reconhecimento pelo Estado e do reconhecimento que não é do estrangeiro, e de onde vêm as nossas tradições.”
Para ele, o discurso que cada país conta sobre si próprio, sua mitologia, aparece muito nos cinemas, que estão explorando essa negritude de maneiras diferentes. “O Brasil está em outro momento. E nós, como curadoria, observando o Brasil e que aqui há filmes e reflexões que não existem em outros lugares, usamos o Brasil para tensionar algumas afirmações”, disse. “O Brasil do ponto de vista de produções sobre vivências negras, em relação à América Latina, está em lugares inimaginados para vários países da região. Obviamente o Brasil para com o Brasil está muito aquém de onde deveria estar.”
Por exemplo, na questão do cinema mais comercial. “Ao passo que na indústria americana, de forma genuína ou não, honesta ou não, esses conteúdos e essas questões estão lá. Por isso é importante sair do Brasil, física e metaforicamente, para ter mais medidas de comparação.”
A programação muda diariamente e gira em torno de temas em comum. O sábado, 5, propõe conversas entre negros e os povos originários, em filmes como Amarração, da gabonesa brasileira Hariel Revignet. Há também programas dedicados a expressões culturais negras, tanto no domingo, 6, que tem como destaque o colombiano Palenque, quanto na sexta, 11. As produções da terça, 8, mergulham no cinema de gênero.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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