Estamos vivendo um tempo onde os extremos se chocam com uma violência simplesmente desmedida, muitos fazendo coisas terríveis, achando que estão fazendo um bem incomensurável para todos e outros tentando mudar a realidade, sendo taxados de loucos, anarquistas ou até mesmo de comunistas e por aí se vai; de uns anos para cá as pessoas parecem de alguma maneira terem enlouquecido, perdido o seu centro, em qualquer esquina acreditam que estão diante de assassinos, maníacos, pensam que estão sendo perseguidas por isso ou aquilo, o outro sendo culpado pelas desgraças e mazelas que tocam fundo nossas existências. O mundo como conhecemos com certeza não enlouqueceu, somos nós que deixamos para trás muitas coisas boas, que alguém nos disse que hoje não o são mais; caímos fácil nessas conversas, estamos agora pagando o preço.
Nosso mundo tristemente desumanizado, prefere mais a guerra, a destruição, a insanidade, do que sentar ao redor de uma mesa, colocar todas as cartas, analisar com sobriedade o passado, os acertos, os erros, para que a partir de agora se tome um novo rumo na história. Caso realmente tivéssemos “conhecimento”, não estaríamos fazendo o que que estamos fazendo nesse momento, não estaríamos poluindo, não estaríamos guerreando, certas nações não estariam passando a perna em outras; caso tivéssemos um mínimo de decência sobre o conhecimento que adquirimos, não maltrataríamos o Planeta da maneira como estamos fazendo hoje, infelizmente o conhecimento atual está muito longe de nos fornecer sabedoria, sem ela continuaremos vagueando a esmo, isolados, nus, atrapalhados; aliar conhecimento e sabedoria é uma tarefa árdua, eis a grande tarefa atual.
Mais uma vez e sem rodeios as nações se reúnem para tratarem do clima planetário, junto com este tema, orbitam ao seu redor um outro tanto sem número de questões, tão importantes, quanto o clima, desde o último dia trinta de novembro, até doze de dezembro, as principais lideranças do globo, analisarão a situação, espera-se que as conversas sempre importantes, resultem em ações práticas, pois o que se vê até agora, é um faz de conta, uns fingindo que acreditam nas mudanças climáticas, outros dissimulando que estão fazendo algo em prol do Planeta e a maioria esmagadora sofrendo as consequências dos eventos extremos do clima. A COP 28 é prova de fogo para todos, espera-se que com ela, o velho paradigma até aqui adotado a ferro e fogo, seja paulatinamente mudado; há provas mais do que suficientes de que não podemos mais adiar ou negar a questão do clima geral.
Uma presença que será muito sentida na COP 28, será a do Papa Francisco, devido a problemas de saúde, a sua não ida a esse evento tem também um alto valor simbólico, ou seja, ele sendo um ardoroso defensor do meio ambiente integral, se coloca com esse gesto no mesmo nível em que se encontra a maioria dos povos hoje e que não são ouvidos pelos meios de comunicação em geral. Sabe-se muito bem o quão poderoso é o lobby para desacreditar toda e qualquer voz que vá contra o atual paradigma, seja tecnocrático ou econômico, esse lobby com toda certeza estará em Dubai para mais uma vez tentar desmontar todos os estudos que apontam para uma grave crise climática, ocasionada principalmente pela ação humana desenfreada; no último dia quatro de outubro, o Papa Francisco lançou a segunda parte da Laudato Si, dessa vez mais contundente e enfático.
O que esperar do Brasil nessa reunião? Sabemos bem que os eventos extremos chegaram por aqui e tem mostrado a cada dia, mais força e violência, não escolhem lugares, nem hora ou dia da semana para se manifestarem, nossas cidades, juntamente com as instituições que as compõem tem se revelado como sempre, amadoras quando se trata de enfrentar calamidades, nossos governantes da mesma forma tem uma visão minúscula do problema; é aterrador saber que há dinheiro para a contenção desses episódios, mas que por razões desconhecidas está esquecido em cofres de bancos, se chega até as populações atingidas, chega uma ínfima parte. O Brasil é celebre por não ter planos de curto, médio e a longo prazo sobre muitos assuntos, aqui se espera ocorrer as catástrofes para daí nos apiedarmos e com cara de sono exclamar: “Meu Deus que horror”.
Bioeticamente, precisamos ficar atentos sobre o que está sendo tratado na COP-28, ali está uma minoria, que em muitos aspectos não representa absolutamente nada o momento pelo qual estamos vivenciando, muitos ali presentes querem que as coisas fiquem exatamente iguais como agora, esse evento nos tem mostrado o quão desiguais são as nações seja em termos políticos ou econômicos. Claro que ali há exceções, ali tem pessoas altamente qualificadas e que sabem muito bem o que está ocorrendo no Planeta, essa minoria é aquela que não perdeu a esperança, que não perdeu a sua capacidade reflexiva, nem se deixou massificar por opiniões estapafúrdias ou mesmo esdrúxulas, por outras palavras, a minoria ali presente é combativa, é aquela parte que não tem um pensamento superficialmente profundo; o dinheiro pode comprar muitas coisas, pode fazer muitas maravilhas, pode fazer um grande bem, disso ninguém duvida, entretanto quando mal gerido, mal distribuído ou devidamente ocultado, isso gera enormes dissabores para todos.
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