Governo Biden quer ver cronograma do Brasil para redução de desmatamento

Na quinta-feira, 22, durante a cúpula do clima organizada pelos EUA, a Casa Branca espera que o Brasil apresente um compromisso claro com a preservação ambiental. Segundo disseram negociadores do governo americano, isso inclui um cronograma de redução do desmatamento e uma meta mais ambiciosa do que a atual para redução de emissões de carbono.

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A cúpula do clima será o mais importante teste das relações entre os dois países desde Joe Biden assumiu a Casa Branca, em janeiro. Na semana passada, Jair Bolsonaro enviou uma carta ao americano, na qual se compromete em acabar com o desmatamento ilegal até 2030 – meta que consta no Acordo de Paris, assinado em 2015. Ainda que o compromisso já existisse, o governo americano considerou importante o sinal enviado pelo presidente brasileiro.

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Mas sinais políticos não bastam, dizem os americanos envolvidos nas negociações. Segundo eles, é papel de todo país signatário do Acordo de Paris exigir que os demais cumpram suas obrigações. Por isso, representantes do governo Biden querem ver o plano de como o Brasil pretende atingir o fim do desmatamento ilegal até 2030. Eles esperam uma estratégia clara que mostre ações de curto prazo.

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Os sinais dados pelo governo brasileiro até agora, segundo disseram ontem diplomatas americanos, mostram que há espaço para colaboração entre Biden e Bolsonaro. No entanto, eles garantem que não avaliarão “palavras”, mas resultados e querem ver a redução no desmatamento ainda neste ano.

Os americanos também consideram que a meta de redução de emissões do Brasil pode ser mais ambiciosa. O discurso de Washington é de que nenhum país tem feito o suficiente nessa área, nem mesmo eles. Mas os EUA pretendem anunciar ainda nesta semana a revisão de suas metas de redução de emissões de carbono, além de pacotes de regulação empresarial em diversas áreas para reduzir o impacto ambiental, com intuito de pressionar os outros países a seguirem pelo mesmo caminho.

O governo Bolsonaro reafirmou a meta de redução de 43% nas emissões até 2030, com base no que era emitido pelo Brasil em 2005. O compromisso havia sido assumido pelo governo de Dilma Rousseff, em 2015, no Acordo de Paris.

Apesar das constantes cobranças públicas e nos bastidores para que o Brasil se comprometa com ações imediatas e concretas, os EUA não indicaram objetivamente o que consideram o ideal de redução do desmatamento neste ano, por exemplo. Segundo americanos envolvidos nas discussões, não caberia a eles prescrever o que o Brasil precisa fazer ou impor metas, mas sim tentar impulsionar o governo brasileiro a assumir objetivos mais ambiciosos.

Em abril, em entrevista ao Estadão, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, disse ter pedido US$ 1 bilhão para reduzir a devastação da Amazônia em até 40% em 12 meses. Mas os EUA indicam que a verba deve ser atrelada à entrega de resultados primeiro – e ainda neste ano.

O Itamaraty tem defendido que o governo Bolsonaro anuncie mais verba para os órgãos ambientais, que foram esvaziados nos últimos anos e perderam capacidade financeira, como Ibama e ICMBio, além de mais dinheiro para o Ministério do Meio Ambiente.

A avaliação de diplomatas brasileiros é que isso seria entendido pelos americanos como um sinal de investimento no combate ao desmatamento ilegal. Negociadores do governo Biden consideram que é extremamente importante que os órgão tenham recursos necessários para trabalhar de maneira efetiva. No entanto, o Planalto considera que o imbróglio na discussão do Orçamento com o Congresso não permite o anúncio de mais gastos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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