Sete municípios do sudoeste do Paraná —Barracão, Bom Jesus do Sul, Santo Antônio do Sudoeste, Pranchita, Pérola D’Oeste, Planalto e Capanema — fazem fronteira com a Argentina.
Na maior parte, os quase 210 quilômetros são de divisas delimitadas por rios, no entanto, as mais conhecidas são as chamadas fronteiras secas, onde, por exemplo, uma rua pode dividir dois países.
Em meio à pandemia do novo coronavírus, o contato com os vizinhos argentinos é, sem dúvidas, uma preocupação a mais, muito embora as fronteiras estejam fechadas. Contudo, mesmo que eventualmente, existe o trânsito de um lado para outro.
Porém, um desafio a mais para os gestores municipais destas localidades, que, juntas, de acordo com a estimativa populacional de 2020 divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estes municípios possuem 78.041 habitantes, é a imunização da população.
Integrando a área de atuação de 8ª Regional de Saúde, os sete municípios, segundo dados do Vacinômetro da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), receberam, juntos, 28.350 doses para a primeira aplicação e 12.550 para a segunda.
Vale lembrar que, segundo o Plano Nacional de Imunização (PNI), somente pessoas acima de 18 anos devem receber doses das vacinas contra a covid-19, e com isso, a cada faixa etária ou grupo prioritário que é contemplado, o número de pessoas a serem vacinadas é calculado.
Imunizantes extras
Mas estar na região de fronteira neste momento pode ser um indicativo de recebimento de doses extras de vacinas. De acordo com a Assessoria de Imprensa da Sesa, até a manhã dessa segunda-feira (21), o único relato de solicitação e recebimento de um quantitativo adicional de imunizante foi observado em Foz do Iguaçu.
No início do mês, o município do Oeste solicitou uma maior remessa, destacando que parte dos usuários do sistema municipal de saúde moram no Paraguai. Essas doses chegaram no fim de semana e possibilitaram o Município abrir agendamento de vacinação para as pessoas com 45 anos.
O comportamento vivenciado no Oeste também pode acontecer no Sudoeste. Assim, alguns dos municípios da fronteira se preparam para solicitar à Sesa o envio de doses extras de imunizantes.
Em Capanema, segundo o secretário Municipal de Saúde, Jonas Welter, até a última remessa recebida o quantitativo vinha sendo suficiente para imunizar o público-alvo, no entanto “estamos com o ofício pronto para fazer [solicitação] e encaminhar para a Sesa”, afirma o secretário, apontando a necessidade de 100 doses extras neste momento, ao mesmo tempo que revela a procura de doses por brasileiros que residem na Argentina, mas também de argentinos.
A procura, conforme Welter, só não é maior pelo fato de Andresito, na Argentina, e Capanema terem suas sedes de município distantes da fronteira, somado ao fato de a ponte Internacional sobre o Rio Santo Antônio estar bloqueada para trânsito, o que acaba inibindo o trânsito entre países, e ainda por toda a extensão de fronteira do município ser por rio e em áreas não urbanizadas.
A realidade de Capanema é bem diferente da vivenciada em Barracão. O município não só tem fronteira seca com Bernardo de Irigoyen, na Argentina, como em muitos locais se funde a Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina.
Cledir Busatto, enfermeira da Secretaria de Saúde de Barracão, afirma que até o momento o Município não solicitou doses extras.
Além do controle com relação aos estrangeiros, em Barracão existe uma preocupação com a imunização de catarinenses, assim está sendo cobrada a apresentação do Cartão da Família, que são utilizadas pelas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF).
Segundo Cledir, estima-se que 5 mil pessoas ainda não receberam a primeira dose de imunizante no município.
Com relação a vacinação de argentinos, ela pontua que, pelo fato da fronteira estar fechada, não existe a procura pelo imunizante, o que difere quanto o assunto é tratamento da covid-19.
Conforme a Sesa, Santo Antônio do Sudoeste é município fronteiriço do Sudoeste que mais recebeu doses, 6.404 para a primeira aplicação. Mas, segundo a secretária de Saúde, Grasiela Cristina Giacobbo Nodari, será necessária a solicitação, nesta semana, de doses extras.
Em Pérola D’Oeste, de acordo com a técnica de enfermagem e responsável pela Sala de Vacina do Núcleo de Inteligência em Saúde (NIS) do Centro de Saúde, Débora Massoni, não está havendo a procura para imunização de moradores além-fronteira. “Se tivéssemos, faríamos pedidos de doses extras.”