Após o Paraná ser reconhecido como um estado livre da febre aftosa, houve uma determinação partindo da Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) para que questões envolvendo o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária fossem retomadas. Entre elas, está a organização da sociedade ligada à pecuária e agricultura, a implantação de um Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural, algo já existente na maioria dos municípios e que deve ser implantado também no Sudoeste do Paraná.
De acordo com a médica veterinária e também chefe do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab), de Pato Branco, Leonira Tesser, ficará a critério do município e da Secretaria Municipal de Agricultura, dos seus sindicatos rurais, em conjunto com o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), definir se o município criará um Conselho de Sanidade Agropecuária ou apenas uma Câmara Técnica de Saúde Animal e Vegetal dentro do próprio Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural.
“Não dá pra ver desenvolvimento rural sem pensar em saúde animal e vegetal. É de entendimento do Estado que podemos ter uma câmara técnica, com um regimento a ser seguido, com calendário de quatro reuniões ao ano”, comentou a veterinária.
O gerente regional da Adapar de Pato Branco, Pedro Castro Tondo, apontou que implantar o Conselho de Sanidade Agropecuária ou a Câmara Técnica de Sanidade Animal e Vegetal é uma exigência sanitária pelo “Paraná ter conseguido área livre de febre aftosa sem vacinação, dessa forma, todos os municípios e produtores são responsáveis pela sanidade das propriedades, dos animais, das culturas e, dentro dos conselhos regionais. Participarão do Conselho membros do IDR, Secretarias, sindicatos e prefeitura, para desenvolver ações e manter o status de estado livre de doenças que podem ser transmitidas para seres humanos”.
Organização entre municípios
A administração da Adapar enviou, no final de 2021, um ofício para os prefeitos, onde estava em pauta a necessidade de organizar o poder público, a iniciativa privada e as entidades organizadas da sociedade civil, para que todos estejam trabalhando a sanidade animal e vegetal junto ao estado.
Leonira afirmou que desde o início deste ano, a entidade deu andamento nas reuniões com prefeitos, secretários municipais de agricultura e presidentes de sindicatos da região. “Nós fomos a alguns municípios e participamos de reuniões, onde é praticamente unânime entre os conselheiros em criar uma câmara técnica dentro do próprio Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural”.
Cinco municípios devem estar prontos até maio
Segundo a médica veterinária, em Pato Branco, apenas a votação pelo regimento da Câmara Técnica está em falta. Os municípios de Mariópolis, Palmas, Chopinzinho, Itapejara D’Oeste e Honório Serpa “também já tiveram o ponta pé inicial”.
A chefe da Seab também aponta que, dos quinze municípios, pelo menos cinco deverão ter a questão organizada até o mês de maio deste ano. “Em maio teremos a declaração do rebanho e precisaremos de ajuda para sensibilizar os produtores sobre a necessidade de fazer essa declaração, seja no escritório de atendimento local, junto a Prefeitura, na Adapar ou na internet”.
Área livre de doenças
A criação de um Conselho de Sanidade ou a Câmara técnica deve ser usado não apenas para manter o Paraná livre da febre aftosa, mas também de outras situações preocupantes sobre a produção animal e vegetal. “Por ser veterinária eu conheço mais da parte animal, onde ainda precisamos avançar muito nas questões como brucelose e tuberculose”, comenta Leonira.
A veterinária ainda aponta que questões relacionadas a doenças na avicultura que causam grandes perdas aos produtores também podem ser discutidas dentro desse conceito, “porque vejo a câmara técnica e o Conselho como forma de orientar o produtor, através das quatro reuniões previstas ao ano, sobre o quanto ele perde com todas essas doenças”.
O gerente regional da Adapar, Pedro Castro Tondo, também engenheiro agrônomo, explica que para ter o controle de pragas e doenças nas lavouras, é necessário o monitoramento, principalmente sobre a aplicação dos defensivos agrícolas, “que estão causando muita deriva nas culturas mais sensíveis. Temos que sensibilizar quem aplica os insumos para evitar esses problemas, pois há muitas espécies de plantas invasoras, novas pragas, e a aplicação correta dos insumos se faz necessária”, afirma.