Chega nesta sexta-feira, 3, ao Amazon Prime Video esta nova adaptação de Cinderela, com a cantora Camila Cabello em seu primeiro trabalho como atriz. “Estou orgulhosa de representar o povo latino e ser o veículo de todas as mensagens incríveis que este filme tem”, disse Cabello em entrevista coletiva por videoconferência. “É Cinderela, mas com os valores de 2021, como feminismo, inclusão, diversidade, independência.”
Cinderela continua morando no porão de sua casa agora ocupada pela Madrasta (Idina Menzel) e as filhas dela, Malvolia (Maddie Baillio) e Narissa (Charlotte Spencer). “Nas versões anteriores, ela é mais calada, tímida, mas aqui ela impõe seus limites, se defende sozinha, é leal a si mesma”, explicou Cabello. Também é mais debochada e atrapalhada do que a média das Cinderelas e sonha em vender os vestidos que desenha e costura. “A minha Cinderela é feminista sem que a palavra exista nesse mundo”, disse a atriz. “Para ela, aspirar apenas a ser uma esposa não faz sentido, porque tem seu talento e suas ideias.” Cabello inspirou-se naquilo que ouvia em casa. “Minha mãe me ensinou desde pequena que minha felicidade era minha responsabilidade, que eu precisava lutar por ela.”
Kay Cannon escolheu a cantora não apenas para atrair o público jovem, mas também por acreditar que Camila, nascida em Cuba, é uma espécie de Cinderela. “Sua família mudou-se para os Estados Unidos quando ela era pequena. Eles não tinham dinheiro, realmente tiveram dificuldades”, disse a diretora. “Mas ela tinha sonhos e foi atrás deles. Bem jovem tomou decisões que foram mal recebidas. E é engraçada, não tem medo de ser boba ou pateta.” Cannon estava tão convencida de que Cabello era a candidata ideal que chegou a comprar um sapato de vidro para oferecer a ela ao convidá-la para o papel. “Me falaram que era esquisito, mas Camila e sua mãe Sinuhe são tão calorosas e amorosas que acabei fazendo e perguntei: ‘Este sapatinho cabe no seu pé?'”, contou a diretora.
A Cinderela do filme não está à procura de um príncipe, mesmo que ele exista, na figura de Robert (Nicholas Galitzine), que não tem lá muita vontade de substituir o pai, o Rei Rowan (Pierce Brosnan), um homem incapaz de ouvir sua mulher, a Rainha Beatrice (Minnie Driver), ou a filha, a princesa Gwen (Tallulah Greive), muito mais preparada para o trono do que seu irmão. “Aqui é a mulher que inspira o príncipe a mudar e a ser uma pessoa melhor”, disse Cabello.
A Fada-Madrinha agora é um “Fado-Madrinho” interpretado por Billy Porter. “Eu não aceitei o papel por causa da moda, mas porque queria fazer o papel da Whitney Houston!”, disse o ator ao Estadão, por videoconferência, referindo-se à versão de 1997 estrelada por Brandy Norwood. Ele ressaltou a importância da mensagem de empoderamento. “Ela é uma empreendedora. Não é definida por homens que estejam ou não em sua vida. E isso é importante”, disse Porter.
Ele acredita que a permanente discussão desses assuntos é fundamental. “Frederick Douglass disse que a eterna vigilância é o preço da liberdade”, afirmou. “Você se levanta pelo que é certo e luta por isso até morrer, ponto final. Essa é a jornada humana. A batalha entre bem e mal não vai acabar, então é melhor você colocar sua armadura e ir em frente.” Por isso, Porter é grato por ter tido a oportunidade de fazer a série Pose, que fala da comunidade gay e trans na Nova York dos anos 1980 e 1990 e cuja terceira e última temporada chega ao Brasil neste mês no Star+. “Eu sempre quis fazer arte com intenção”, disse.
“Sou grato de ter vivido o bastante para estar em um mundo em que Pose é possível. É uma nova era. Eu vivi aquela época e foi um privilégio poder contar essa história. Pessoalmente, Pose mudou minha vida. A série chegou ao fim, mas para mim é um recomeço, a cura de velhos traumas. Sinto que é um renascimento.”
Esta Cinderela também ameniza as maldades da Madrasta, que tem suas razões para ser da maneira como é. Para Billy Porter, essas mudanças eram necessárias para manter a história relevante. “Esses clássicos são extremamente problemáticos, e para que tenham ressonância com o público moderno precisam refletir o tempo atual.”
Talvez por isso tudo seja praticamente impossível assistir ao filme sem pensar no príncipe Harry e na duquesa Meghan, que deixaram a família real britânica. “Eu escrevi o roteiro bem antes de isso acontecer, mas realmente há semelhanças com Harry e Meghan se mudando para os Estados Unidos e escolhendo a vida que querem viver”, disse Kay Cannon. “Eu fico curiosa de saber se eles assistirão ao filme e se vão se identificar.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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