“Eu olhava e não acreditava naquilo. Fiz a melhor prova que eu podia, havia cinco anos que não nadava nem próxima disso. Mas sempre procuro enxergar o lado bom das coisas e isso foi motivo para ficar satisfeita com minha natação. Ficar sem o índice por um centésimo dói muito, mas por outro lado tinha motivos para comemorar. Foi minha segunda marca pessoal, e também sabia que podia ajudar no revezamento. Então tentei não ficar apegada nisso e olhar para frente”, conta Larissa, de 28 anos.
Atleta da equipe de natação Flamengo/ENS, ela vai disputar na Olimpíada duas provas, ambas de revezamento: o 4 x 100m livre e o 4 x 200m livre. “A expectativa é boa e estou bem confiante. Desde que fui para o Flamengo consegui chegar bem próxima das minhas melhores marcas. A confiança aumentou e dá para ver que o planejamento deu certo. Vou nadar o revezamento, mas acredito que se abrir a prova consiga até ter uma noção do meu tempo”, diz.
Em 2019, Larissa fez história nos Jogos Pan-Americanos de Lima. Ela ganhou sete medalhas, um recorde para uma nadadora, e chegou a dez medalhas no total na história do Pan, se tornando a maior medalhista mulher brasileira. Estava em ótima fase, mas veio a pandemia de covid-19, e isso obrigou ela – e todos os outros atletas – a parar um pouco. Foi aí que ela aproveitou para recarregar as energias na casa de sua família em Juiz de Fora, Minas Gerais.
“Embora os efeitos da pandemia tenham sido devastadores no mundo todo, eu graças a Deus consegui ver muita coisa positiva na minha vida. Fazia dez anos que ficava longe da família, então voltei a morar com mãe, pai, irmã e avó, havia muito tempo que não tinha esse contato. Depois retornei às piscinas morando no Rio, uma cidade que sou apaixonada, e treinando em um novo clube”, conta.
A parceria da ENS com o Flamengo possibilitou um maior investimento no esporte olímpico do clube carioca. Pelo acordo, firmado em novembro, bolsas de estudos são oferecidas aos atletas, em cursos de graduação ou MBA. Larissa, que é formada em Educação Física, vê como grande oportunidade para o futuro, mas ainda coloca sua aposentadoria das piscinas como algo bem distante.
“Eu já sou formada, tenho licenciatura, mas não me imagino parar de nadar tão cedo. Amo muito o que eu faço, sou apaixonada por isso, pelo treino, pelo frio que dá na barriga antes das competições. É importante o atleta pensar no que vai fazer quando parar, mas ainda não tenho essa data certa. Eu vivo o presente, intensamente”, explica a nadadora, que lembra que o próximo ciclo será mais curto, pois em 2023 já tem Jogos Pan-Americanos novamente e a Olimpíada será em 2024, em Paris, daqui três anos.
Para ela, a contagem regressiva para representar bem o Brasil nos Jogos de Tóquio já está chegando ao fim. Ela competiu na Olimpíada no Rio, em 2016, e agora terá sua primeira experiência fora de casa. “Estou meio ansiosa para viver isso, pois agora não será em casa. Eu tenho uma memória muito forte da torcida do Brasil, foi incrível. Eu lembro quanto ela gritava pela gente no Parque Aquático. É uma lembrança muito bonita que tenho.”
Larissa reforça que os cuidados com os protocolos serão redobrados agora, para evitar a chance de pegar covid-19. “Quando a gente chegar na Vila Olímpica, vamos entrar numa bolha. Ano passado competi na ISL e já foi nesse esquema. Tomando todos os cuidados necessários, acho que não terá problema. Estou bem tranquila e acho que o esporte educa e ensina. Na hora que o mundo ver o esporte funcionando, vai ver o espírito de resiliência e de não resistir”, afirma.
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