Ainda desconhecida por muitos, mas amada intensamente por seus usuários, a rede social Discord parece estar prestes a virar “gente grande”: a startup pode fazer abertura de capital (IPO) na Bolsa ou ser comprada pela Microsoft por US$ 10 bilhões, de acordo com reportagem da Forbes. As duas possibilidades estão na mesa e ambas impulsionariam a plataforma de comunicação, que tem mais de 140 milhões de usuários mensais em todo o mundo, destaca o Estadão.
Originalmente vista como uma rede social para jovens da Geração Z, o Discord se tornou uma ferramenta poderosa para o mundo do trabalho – o que explica parcialmente o interesse da Microsoft, uma das líderes nesse segmento.
A plataforma é uma mistura de diversos instrumentos que vieram do cardápio de concorrentes: tem um pouco de inspiração no WhatsApp, no Slack, no Zoom, no Reddit e na Twitch – até o Clubhouse parece ter saído de uma costela do serviço. Ao se cadastrar na rede, o usuário cria um “servidor”, algo que o Discord compara com um lar: “Só entra quem você quiser. É como se fosse a sua casa”.
Um usuário, por exemplo, pode criar diversos servidores (e participar de outros, claro) para diferentes públicos, como nos grupos de WhatsApp. Mas, ao contrário deles, em que as mensagens se amontoam conforme o fluxo da conversa, é possível separar chats diferentes por assunto. Enquanto dois colegas da faculdade discutem a próxima entrega de trabalho, outros três podem se reunir na conversa ao lado para falar da nova série em alta na Netflix.
“O Discord é uma ferramenta muito poderosa e extensível”, aponta Marcelo Burghi Serigo, diretor de inovação e tecnologia da Accenture. Para ele, a plataforma traz ferramentas de comunicação que não fazem dela mera rede social, e sim uma séride de instrumentos de comunicação, que podem servir bem ao mundo do trabalho.
DNA gamer
Esse grau de versatilidade e agilidade não foi originalmente pensado para o mundo corporativo. Fundada em 2015 pelos gamers Jason Citron e Stan Vishnevskiy, a plataforma nasceu para ser uma forma de comunicação fácil e rápida para a comunidade de jogos online. É o caso da quadrinista Cecilia Marins, 23 anos, que usa o Discord para jogar Fortnite. “O chat do nosso jogo não funciona e o Skype trava muito, então o Discord é uma boa alternativa.”
O isolamento social causado pela pandemia, no entanto, sacudiu o mundo da tecnologia. Novas plataformas foram descobertas e adotadas no dia a dia. O Discord se transformou e começou a abandonar a pecha de “rede social dos gamers”.
Cecilia conta que passou a usar o app para lazer e trabalho. Por exemplo, ela passou a acompanhar e discutir o BBB 21 com amigos pelo serviço. No trabalho, costuma reunir-se com outras artistas para desenharem juntas em transmissões ao vivo para o público – é uma forma de divulgar o trabalho e manter contato com os fãs.
O diretor acadêmico da Digital House, Edney Souza, concorda com a transformação e acrescenta que o aplicativo tem um senso de “comunidade” que os rivais não possuem. “As outras redes viraram espaço para criar audiência. Você segue as pessoas no Instagram, mas não necessariamente fala com elas.”
Vida adulta
O fato de o Discord ser uma ferramenta que abraça as comunidades online e que pode ser poderosa no mundo do trabalho explica o interesse da Microsoft. Daniel Ives, analista da consultoria WedBush, afirma que a compra significaria dobrar a aposta da empresa nos mercados de consumo e de games nos próximos anos.
Já Serigo, da Accenture, levanta outro ponto: a compra poderia impulsionar o Azure, solução de nuvem da Microsoft que corre atrás da Amazon, líder nesse mercado. Ao adquirir o Discord, que viu em 2020 as pessoas passarem 1,4 trilhão de minutos em chamadas e enviar 656 bilhões de mensagens, a Microsoft teria amplo acesso a dados e poderia explorá-los.
A venda da rede social, no entanto, pode não ser tão estratégica assim, já que ela está em pleno crescimento e existe a possibilidade de ganhar mais capital fazendo um IPO.
Outro ponto é que o histórico da Microsoft não ajuda. A empresa é acusada até hoje de ter “estragado” o Skype, ferramenta de comunicação que nasceu antes de todas as redes sociais. Por outro lado, em aquisições mais recentes, como as do LinkedIn e do Github, a Microsoft parece ter incorporado os serviços sem solavancos.
“Tem de dar o benefício da dúvida”, adverte Souza. “Se ela criar oportunidades para o Discord, em vez de cercear o potencial e a liberdade criativa, os dois podem ir muito longe.”
Originalmente vista como uma rede social para jovens da Geração Z, o Discord se tornou uma ferramenta poderosa para o mundo do trabalho – o que explica parcialmente o interesse da Microsoft, uma das líderes nesse segmento.
A plataforma é uma mistura de diversos instrumentos que vieram do cardápio de concorrentes: tem um pouco de inspiração no WhatsApp, no Slack, no Zoom, no Reddit e na Twitch – até o Clubhouse parece ter saído de uma costela do serviço. Ao se cadastrar na rede, o usuário cria um “servidor”, algo que o Discord compara com um lar: “Só entra quem você quiser. É como se fosse a sua casa”.
Um usuário, por exemplo, pode criar diversos servidores (e participar de outros, claro) para diferentes públicos, como nos grupos de WhatsApp. Mas, ao contrário deles, em que as mensagens se amontoam conforme o fluxo da conversa, é possível separar chats diferentes por assunto. Enquanto dois colegas da faculdade discutem a próxima entrega de trabalho, outros três podem se reunir na conversa ao lado para falar da nova série em alta na Netflix.
“O Discord é uma ferramenta muito poderosa e extensível”, aponta Marcelo Burghi Serigo, diretor de inovação e tecnologia da Accenture. Para ele, a plataforma traz ferramentas de comunicação que não fazem dela mera rede social, e sim uma séride de instrumentos de comunicação, que podem servir bem ao mundo do trabalho.
DNA gamer
Esse grau de versatilidade e agilidade não foi originalmente pensado para o mundo corporativo. Fundada em 2015 pelos gamers Jason Citron e Stan Vishnevskiy, a plataforma nasceu para ser uma forma de comunicação fácil e rápida para a comunidade de jogos online. É o caso da quadrinista Cecilia Marins, 23 anos, que usa o Discord para jogar Fortnite. “O chat do nosso jogo não funciona e o Skype trava muito, então o Discord é uma boa alternativa.”
O isolamento social causado pela pandemia, no entanto, sacudiu o mundo da tecnologia. Novas plataformas foram descobertas e adotadas no dia a dia. O Discord se transformou e começou a abandonar a pecha de “rede social dos gamers”.
Cecilia conta que passou a usar o app para lazer e trabalho. Por exemplo, ela passou a acompanhar e discutir o BBB 21 com amigos pelo serviço. No trabalho, costuma reunir-se com outras artistas para desenharem juntas em transmissões ao vivo para o público – é uma forma de divulgar o trabalho e manter contato com os fãs.
O diretor acadêmico da Digital House, Edney Souza, concorda com a transformação e acrescenta que o aplicativo tem um senso de “comunidade” que os rivais não possuem. “As outras redes viraram espaço para criar audiência. Você segue as pessoas no Instagram, mas não necessariamente fala com elas.”
Vida adulta
O fato de o Discord ser uma ferramenta que abraça as comunidades online e que pode ser poderosa no mundo do trabalho explica o interesse da Microsoft. Daniel Ives, analista da consultoria WedBush, afirma que a compra significaria dobrar a aposta da empresa nos mercados de consumo e de games nos próximos anos.
Já Serigo, da Accenture, levanta outro ponto: a compra poderia impulsionar o Azure, solução de nuvem da Microsoft que corre atrás da Amazon, líder nesse mercado. Ao adquirir o Discord, que viu em 2020 as pessoas passarem 1,4 trilhão de minutos em chamadas e enviar 656 bilhões de mensagens, a Microsoft teria amplo acesso a dados e poderia explorá-los.
A venda da rede social, no entanto, pode não ser tão estratégica assim, já que ela está em pleno crescimento e existe a possibilidade de ganhar mais capital fazendo um IPO.
Outro ponto é que o histórico da Microsoft não ajuda. A empresa é acusada até hoje de ter “estragado” o Skype, ferramenta de comunicação que nasceu antes de todas as redes sociais. Por outro lado, em aquisições mais recentes, como as do LinkedIn e do Github, a Microsoft parece ter incorporado os serviços sem solavancos.
“Tem de dar o benefício da dúvida”, adverte Souza. “Se ela criar oportunidades para o Discord, em vez de cercear o potencial e a liberdade criativa, os dois podem ir muito longe.”
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