Pe. Lino Baggio, SAC
O ano de 2022 está finalizando e estamos de passagem para o ano de 2023. Para os cristãos, uma semana após a celebração do Natal inicia um novo ano. Nos dois casos, é inevitável não pensar na esperança que ambos trazem. Sem dúvida, para o Cristianismo, o Natal é uma data mais importante que a celebração de virada de ano, uma vez que na primeira está simbolizada a vinda do Messias prometido, ou seja, aquele no qual se realiza plenamente o plano divino para a humanidade, e no qual se tem o cumprimento da promessa dada no Antigo Testamento. Dessa forma, o nascimento de Jesus remete à esperança de que, se Deus cumpriu sua promessa, enviando o Salvador e ressuscitando-o dentre os mortos, ele também há de cumprir sua promessa do surgimento de um novo céu e uma nova terra, nos quais a morte já não mais existirá, pois foi vencida pela vida.
Com isso em mente, o nascimento do Salvador deve nos interpelar, como cristãos, para a forma como vemos o nascimento de um novo ano. É comum esperarmos que o novo ano seja pleno e mais cheio de realizações do que o ano que passou. É a esperança de que possamos superar a pandemia, o que nos faz ansiar por sua rápida chegada e programar metas para as diversas tarefas do ano vindouro. Contudo, algo que precisa ficar claro para nós é que a esperança, sem ação, não passa de espera e, com isso, não gera os frutos que desejamos colher. Da mesma forma que o nascimento de Jesus, nos rememora o plano de Deus para a humanidade e, nesse sentido, nos instiga à luta em favor dos excluídos da nossa sociedade, assim, também, a chegada do novo ano deve nos fazer lembrar que outros 365 dias nos são dados para que possamos nos engajar na promoção de um mundo mais justo e que se importe mais com os outros.
Em uma sociedade na qual o individualismo é marca registrada, a entrega amorosa de um Filho, assim como a entrega amorosa de novos 365 dias, deve fazer com que o Cristianismo atual repense seu papel e se mostre como uma religião que se importa com a humanidade e com os excluídos. A entrega em prol dos outros, a exemplo do Filho que nos foi dado, deve ser a marca de um Cristianismo que se deseja encarnado e seguidor do exemplo de Jesus Cristo.
Com isso em mente, o cristão se mostrará como aquele que não se conforma com o sistema mundano de acúmulo de riquezas, com o individualismo e o esquecimento dos mais frágeis, e, em consequência da fé no Menino que nos foi dado, se mostrará como entrega às causas dos excluídos e marginalizados da sociedade, lembrando-se que o menino que nos nasceu, nasceu em uma manjedoura, excluído das casas, por não haver lugar nelas, e que sua vida sempre se passou entre os pobres na luta pelos excluídos da sociedade de seu tempo.
Vigário na Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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