Para chegar a este momento, às vésperas da estreia, a atleta passou por diversos períodos de treinamento e dedicação intensiva. A preparação, segundo ela, é feita “no dia a dia e em cada momento”. Foi com esse pensamento que ela encarou todos os treinos nos últimos três meses, como uma competição. “Isso me pediu uma extrema concentração”, contou.
E é justamente essa concentração sua principal aliada. Mentalmente, Nathalie se descreve como serena e confiante. Em sua rotina, a ordem é encarar cada instante como uma prova para treinar a calma, acalmar os nervos e trabalhar a paciência e a respiração.
“As cinco horas de espera na chegada ao aeroporto de Tóquio foram uma oportunidade de treino mental para mim. Na minha competição, vai ter muita espera entre cada combate. São cinco combates em 12 horas e estes períodos mortos entre um e outro acabam sendo determinantes na maneira de abordar o combate seguinte”, projetou a esgrimista.
A estratégia de trabalhar sua paciência no dia a dia também tem um porquê: quando ela entra na pista, tudo fica de lado. O foco é total, seja nos momentos de treino, seja nos combates. Até porque, fisicamente e tecnicamente, Nathalie está em ótima forma. “A estratégia das adversárias já foi trabalhada na Europa, então agora é só praticar e afinar. E, no dia, adaptar meu jogo e técnicas em função da temática que terei em frente para resolver. Para mim é, sem dúvida, o melhor momento físico e técnico. Espero expressar toda essa energia que sinto no sábado”, comemorou.
MOMENTO HISTÓRICO – Antes mesmo de pisar na Vila Olímpica, os atletas já sabiam que o clima seria diferente. Em plena pandemia da covid-19, a rotina precisa ser acompanhada de máscara, testes e outros protocolos de prevenção. Mas o país-sede, segundo Nathalie, é o ideal para uma competição nestes moldes.
“É uma Olimpíada totalmente diferente, estamos sendo parte de um momento histórico importante. Gosto muito da cultura japonesa e a organização desta edição é o reflexo dessa cultura. Está tudo super organizado, bem combinado. Isso me dá muita tranquilidade, muita serenidade”, explicou.
Para a esgrimista, com ou sem restrições, é impossível não sentir o clima olímpico. Ao reconhecer as dificuldades e os problemas trazidos pelo novo coronavírus, Nathalie acredita que pode haver também aprendizados e momentos positivos durante os Jogos Olímpicos.
“Sei que é uma Olimpíada que gera muitas polêmicas, muitas críticas. Mas uma vez que a gente chega aqui, já estamos no clima olímpico. E apesar de ser um clima diferente do que foi no passado, a vida é assim. Tudo muda, nenhuma experiência é igual a outra. Não vou nem comparar com o que foi no passado, já está sendo uma experiência linda e positiva para mim. Vou pegar tudo que é bom para o futuro”, disse a atleta.
RECADO PARA OS BRASILEIROS – No momento em que pisar na pista, desde o seu primeiro confronto, Nathalie quer contar com o apoio e a energia dos torcedores brasileiros, mesmo sem público nos ginásios do Japão. Para ela, os “gritos de força” dão a volta facilmente ao redor do mundo e serão o combustível necessário para seus combates.
“Estou aqui em nome de um país, estou aqui em nome de todos vocês. Porque eu sou vocês e vocês são eu. Que através de cada um dos toques, vocês possam se identificar e inspirar suas vidas para o melhor. Porque realizando meus sonhos, ajudarei vocês a realizarem os seus. Então vamos nessa torcida, chegou a hora de se juntar para que seus gritos de força entrem, no sábado, nas arquibancadas vazias e façam vibrar meu coração de amor, única energia que precisarei para lutar. Obrigada a todos os brasileiros pelo apoio”, finalizou.
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